Seminrio

 

 

 



PROCESSO DE NEGOCIAO
COLETIVA NO SETOR PBLICO
,
 

aplicado pelo Dieese em janeiro de 2004

1 Apresentao do Dieese

2 - Capacitao em negociao coletiva

3 - Caractersticas do Programa de Capacitao em Negociao PCN

4 - Como uma entidade sindical pode ter um PCN

5 - Processo de Negociao Coletiva no Setor Pblico: o tema no DIEESE
 

1 - Apresentao do DIEESE

O DIEESE1 uma entidade tcnica do movimento sindical brasileiro que atua na reas de pesquisa, assessoria e educao, em temas relacionados ao mundo do trabalho. Criada em 1955, no tem correspondncia em outra parte do mundo.

A instituio mantida por entidades sindicais scias, como rgo intersindical, em quinze estados e no Distrito Federal. Sua direo sindical composta pelas diferentes correntes do sindicalismo brasileiro.

Os temas estratgicos de atuao do DIEESE so a negociao coletiva, o emprego e a renda, trabalhados por uma equipe tcnica multidisciplinar.
 

2 - Capacitao em negociao coletiva

A luta sindical abrange diferentes aes como mobilizao, greve, articulao, organizao, entre outras, e leva, quase sempre, a momentos ou a processos de negociao em que h disputa de interesses. Preparar-se para desenvolver essas aes um dos desafios de todo dirigente sindical.

Para responder a esta necessidade, o DIEESE criou o Programa de Capacitao em Negociao PCN -, que procura contribuir para o desenvolvimento e aperfeioamento das habilidades de negociao do dirigente sindical e para fortalecer sua capacidade de ao e de organizao coletiva, permitindo que ele conhea e compreenda o objeto das negociaes e o ambiente em que elas ocorrem.

O seminrio Processo de Negociao Coletiva no Setor Pblico, como parte do PCN, pretende colocar disposio do movimento sindical o trabalho de pesquisa, assessoria, educao e a experincia do DIEESE na rea de negociao coletiva.
 

3- Caractersticas do Programa de Capacitao em Negociao PCN

Com o PCN, o DIEESE oferece oportunidades intencionais e continuadas de capacitao a dirigentes e assessores sindicais. O objetivo possibilitar a construo de conhecimento sobre questes da negociao coletiva.

O PCN trabalha quatro dimenses relacionadas negociao:

    ambiente da negociao: contexto socioeconmico em que a negociao se d historicamente e o marco institucional definido pelo sistema de relaes de trabalho;

    tipo de negociao: por empresa, categoria ou setor; bi, tri ou pluripartite; as etapas e o processo de negociao;

    objeto da negociao: a pauta da negociao, ou seja, salrio, produtividade, jornada, participao nos lucros e resultados, condies de trabalho, entre vrios outros itens.

     as habilidades do negociador: capacidade de pessoas e grupos para a negociao.
 

4 - Como uma entidade sindical pode ter um PCN

O PCN est concebido para ser desenvolvido a partir de demandas sindicais. Assim, para cada caso, ser proposto um processo diferente, por intermdio de um programa de formao.

Esse trabalho poder ser realizado diretamente pela equipe do DIEESE ou em cooperao com os formadores da entidade demandante. Os participantes podero receber certificados.

Para conversar sobre um PCN, entre em contato com os Escritrios Regionais ou com o Escritrio Nacional do DIEESE.

Processo de Negociao Coletiva no Setor Pblico o tema no DIEESE

A negociao coletiva o principal foco da atividade sindical, o que explica sua insero, juntamente com emprego e renda, como um dos eixos temticos dos trabalhos do DIEESE.

A Constituio de 1988 assegurou aos servidores pblicos o direito de sindicalizao e o direito de greve, porm no estendeu a eles o reconhecimento das convenes e acordos coletivos de trabalho. Assim, embora, na prtica, algumas categorias de trabalhadores do setor pblico j negociassem desde o final dos anos 70, do ponto de vista legal era-lhes vedado o processo negocial, situao que se manteve inalterada com a nova Constituio.

Essa restrio deve-se definio constitucional de que os servidores pblicos deveriam ser regidos pelo Regime Jurdico nico, de natureza estatutria e no contratual. Apesar disso, no haveria impedimento para que o projeto de lei enviado pelo Executivo ao Legislativo fosse resultado de um processo real (ainda que informal) de negociao coletiva entre o Executivo e as entidades sindicais de servidores pblicos.

Com a Reforma Administrativa ocorrida em 1998, abre-se a possibilidade de contratao de servidores pblicos pelo regime da CLT. Dessa forma, passam a existir dois regimes (estatutrio e celetista), o que confere, ainda, maior complexidade s relaes de trabalho no setor pblico. Assim, ao lado do servidor estatutrio, a administrao pblica pode contratar servidores celetistas, inclusive nas chamadas atividades essenciais ou exclusivas do Estado, abrindo amplos espaos para negociao. Embora ainda no regulamentada na maior parte dos entes federados, foi instaurada tambm uma data-base e outras garantias sindicais, tais como liberao, contribuio sindical e pluralidade.

A negociao coletiva entre governos e servidores pblicos da administrao direta possui algumas especificidades. O resultado da negociao coletiva, para ter validade, deve ser transformado em projeto de lei, aprovado pelo Poder Legislativo e sancionado depois pelo Executivo. O fato do Poder Executivo s poder criar despesas se autorizado por lei coloca o Legislativo como ator importante e indispensvel nesse processo de negociao.

Outra especificidade a impossibilidade de recurso Justia do Trabalho para a soluo de conflitos. O poder pblico deve observar, ainda, as limitaes definidas na Constituio Federal, na Constituio Estadual e na Lei Orgnica dos Municpios (conforme cada caso), nas Leis de Diretrizes Oramentrias, nos oramentos anuais aprovados pelo Legislativo e na Lei de Responsabilidade Fiscal, em termos de recursos e comprometimento da receita com pagamento de pessoal.

A complexidade e as restries dessa negociao exigem dos sindicatos envolvidos informaes sobre a situao do ente pblico (Municpio, Estado ou a Unio) em termos de oramento, principais itens de despesa, endividamento, pagamento de juros de emprstimos, receita lquida corrente, nmero de servidores ativos e inativos e respectivos gastos com pessoal, plano de investimentos, entre outras.

Outra importante especificidade da negociao coletiva no setor pblico o envolvimento de outros grupos sociais que no esto participando diretamente da negociao (consumidores, destinatrios de servios pblicos, contribuintes), cujo apoio ou desaprovao influenciam os resultados do processo.

Face a complexidade e ampliao recente da negociao coletiva no setor pblico, o DIEESE v crescer o nmero de entidades sindicais scias representantes dos servidores pblicos nas esferas municipal, estadual e federal, alterando o perfil de associados que antes era predominantemente industrial ou privado.

Atualmente, o DIEESE conta com tcnicos que trabalham especificamente com questes ligadas ao setor pblico, assessorando negociaes coletivas e elaborando estudos que buscam dar respostas s especificidades do setor.

Recentemente, o DIEESE participou das discusses sobre a estruturao de Sistemas de Negociao Permanente entre as entidades sindicais do setor pblico e o poder executivo. Estes Sistemas buscam definir polticas conjugadas que articulam a valorizao dos servidores pblicos com a qualificao dos servios prestados populao, organizando dentro de uma estrutura negocial os interesses, os conflitos e as demandas sindicais necessidade de eficincia e responsabilidade administrativa por parte do Estado.

Para apoiar este e outros trabalhos de assessoria s negociaes de categorias do setor pblico o DIEESE desenvolveu um conjunto de planilhas eletrnicas com diversas informaes sobre o oramento pblico, que permitem uma anlise gil e qualitativa das condies econmico-financeiras dos diversos nveis da administrao pblica.

Tema freqente nas mesas de negociao, a terceirizao no setor pblico foi objeto de desenvolvimento de trabalhos especficos do DIEESE, em particular o estudo A Terceirizao no Setor Pblico Brasileiro que destaca os aspectos e os limites legais, as formas e os efeitos da terceirizao na administrao pblica.

O kit Processo de Negociao Coletiva no Setor Pblico sistematiza o resultado do conjunto destes trabalhos e tem o papel de apoiar a formao de novos dirigentes e assessores sindicais do setor pblico, contribuindo para o aprimoramento da relao entre movimento sindical, o setor pblico e a sociedade brasileira.

 

5 - O seminrio Processo de negociao coletiva no setor pblico

 

Objetivos  

O seminrio Processo de Negociao Coletiva no Setor Pblico visa oferecer aos participantes a oportunidade de refletirem sobre a prtica de negociao das entidades sindicais com o Poder Pblico, situando-a no contexto mais amplo da estrutura institucional brasileira que define o cenrio, as regras e, fundamentalmente, as restries existentes ao processo de negociao coletiva na Administrao Direta

Alm disso, tem por objetivo estabelecer um espao de construo de conhecimento a partir do saber e experincia dos participantes. Para tanto, parte do pressuposto que o prprio conceito de negociao e, mais especificamente, de negociao coletiva seja reconstrudo, com base em reflexes tornadas possveis atravs da vivncia de situaes simuladas de negociao e da leitura de textos especialmente selecionados para a atividade.

Objetiva, tambm, possibilitar uma reflexo sistematizada sobre as regras vigentes que determinam a dinmica da negociao coletiva no Setor Pblico no Brasil, o papel dos atores sociais diretamente envolvidos nesse processo (Servidores, Poder Executivo e Poder Legislativo), a partir de uma abordagem histrica e que permita a percepo dos limites e dos desafios colocados para o movimento sindical, na sua trajetria de representao dos interesses dos servidores pblicos.

Um outro objetivo o de possibilitar que os participantes situem a negociao coletiva no processo mais geral de sua ao sindical permanente, despertando-os para a necessidade de se prepararem continuamente para essa atividade, em termos de seu planejamento, acompanhamento e avaliao constantes.

Finalmente, o seminrio tem por fim despertar o movimento sindical dos servidores pblicos para o fato de que uma campanha no setor se inicia muito cedo, no ano anterior ao das negociaes propriamente ditas com o Poder Executivo, durante a elaborao e tramitao da Lei de Diretrizes Oramentrias e da Lei do Oramento Anual para o exerccio seguinte, num processo que envolve os poderes Executivo e Legislativo e no qual o movimento sindical precisa se inserir.

Programa 

Percurso da atividade
1 DIA
Abertura e apresentao dos participantes
Expectativas, programa e funcionamento do grupo
O conceito de negociao coletiva
Comportamento e argumentao

2 DIA
Comportamento e argumentao
O espao do acordo
Campanha salarial e negociao coletiva

3 DIA
O processo de negociao coletiva no setor pblico
O projeto de Lei de Greve no setor pblico
Avaliao

1 Conhea mais sobre o Departamento Intersindical de Estatstica e Estudos Scio-Econmicos - DIEESE e sua produo tcnica visitando o stio na internet: http://www.dieese.org.br