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ARTIGO
sabotou todo o esforço feito anteriormente pela das famílias chegou a tal ponto que virou mote
sociedade para debelar a inflação. da publicidade das montadoras de veículos no
País, na base do “compre antes da alta do IPI”.
Além de intervenções no câmbio, o cumprimen-
to das metas de inflação foi praticamente aban- A montanha de recursos públicos colocada no
donado e os superávits primários foram obtidos BNDES, na forma de empréstimos (cerca de
com ajuda de práticas de manipulação contábil R$ 400 bilhões) e subsídios diretos do Tesouro,
que levaram ao descrédito nas contas públicas aplicados de forma nada transparente, não surtiu
federais – a chamada “contabilidade criativa”. O impacto na elevação da taxa de investimentos no
descontrole foi
tamanho que, Brasil, que girou
no final de 2014, em torno de mí-
para evitar in- seros 18%. Só
correr em crime nos projetos do
de responsabili- empresário Eike
dade fiscal, Dil- Batista e na obra
ma teve que for- superfaturada
çar sua base de da Refinaria de
apoio no Con- Abreu e Lima, o
gresso a aprovar Banco enterrou
um projeto que, mais de R$ 20
na prática, eli- bilhões. Estu-
minou a necessidade da geração de superávit pri- do recente pu-
mário. No ano, o déficit primário foi superior a blicado pelo BACEN mostra que, no pós-crise
R$ 17 bilhões, contra uma meta de superávit de internacional, os recursos do BNDES foram di-
cerca de R$ 80 bilhões, significando que quase recionados para empresas de grande porte e seg-
R$ 100 bilhões foram pelo ralo. O déficit nomi- mentos de baixo risco, como o automobilístico,
nal chegou a 6,7% do PIB. que poderiam facilmente acessar o mercado de
crédito privado. Enquanto isto, caiu o apoio do
A Presidente insistiu em incentivos fiscais e Banco para áreas de transporte, infraestrutura e
de crédito pontuais, que fizeram algum senti- saneamento básico.
do no auge da crise financeira internacional de
2009, mas que perdiam eficácia pelos efeitos Mas não foi só isso: para tentar controlar ou
da inflação alta e aumento do endividamento mascarar a inflação, o Governo Dilma lan-
das famílias. A recorrente prorrogação destas çou mão de práticas sabidamente ineficazes.
medidas pontuais para estimular o consumo Com base no controle e represamento de pre-
ços e tarifas públicas, que prejudicam os in-
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