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CARTA DO CONSELHO
Uma agenda difícil
para os brasileirosEm janeiro de 2013, muitos brasileiros assistiram a um
estão sendo convocados a arcar com os custos, em tempo
programa de televisão onde a apresentadora, mandatária de ajustes que visam restabelecer a atratividade do supe-
chefe da Nação, dizia: rávit primário aos olhos dos investidores.
“... nosso país avança sem retrocessos, em meio a um Duas questões de interesses da sociedade brasileira,
mundo cheio de dificuldades. Estamos vendo como erra- e que merecem a atenção do Banco Central do Brasil,
são também tratadas nesta edição: as vantagens e des-
Eram os que diziam, meses atrás, que não iríamos conseguir
baixar os juros nem o custo da energia, e que tentavam vantagens do cadastro positivo; e o papel da autoridade
amedrontar nosso povo, entre outras coisas, com a que- monetária no combate à lavagem de dinheiro, que vai
da do emprego e a perda do poder de compra do salário. além dos impactos imediatos da operação Lava-Jato.
Os juros caíram como nunca, o emprego aumentou, os Em reportagem de Jefferson Guedes, o debate sobre a
brasileiros estão podendo e sabendo consumir e poupar” qualidade da supervisão e fiscalização do BC está posto,
(Dilma Rousseff, 23/01/2013). a partir de conversas com diretores e técnicos da insti-
Concluída a contenda eleitoral e iniciado o novo tuição. O assunto também é tratado na entrevista que o
mandato presidencial, assistimos a uma combinação de inspetor aposentado do Banco Central, Abrahão Patruni
riscos de encolhimento da economia e de inflação acima Junior, concedeu à Por Sinal, mostrando caminhos para
da meta. Os juros estão mais altos, a energia encareceu, o combate à corrupção. O paranaense é perito renomado
enquanto os investimentos públicos e as despesas com na detecção de fraudes no sistema financeiro.
educação e saúde encolheram. É neste contexto que surge Por fim, não obstante as conquistas do Banco
a edição nº 48 da Por Sinal, revista do Sindicato Nacional Central nos primeiros 50 anos de sua história, muito
dos Funcionários do Banco Central. falta no reconhecimento do trabalho e dos direitos
O fantasma da estagflação, que todos querem exorcizar, daqueles que a construíram: seus servidores. O diretor
é tratado em reportagem assinada por Paulo Vasconcellos: jurídico do Sinal Jordan Alisson traz a público alguns
Teria razão o governo ao suspeitar que a oposição queria dos litígios que há muito poderiam estar resolvidos,
amedrontar o povo com prognósticos tão pessimistas? com um pouco de competência e boa vontade da ad-
Acreditamos que não. Ao tomar medidas austeras que ministração do banco.
prejudicam a atividade econômica e a renda e os direitos Acreditamos que conhecer a realidade, mesmo
dos trabalhadores brasileiros, o governo só está materia- quando ela não nos é agradável, é a melhor maneira de
lizando a sua própria suspeita. iniciar a sua transformação, segundo os interesses da
As medidas provisórias que já reduzem a concessão sociedade brasileira. Procuramos apresentar-lhe algumas
do seguro desemprego e de pensão por morte, entre ou- facetas relevantes do complexo quadro político e econô-
tros benefícios previdenciários, avançam no Congresso mico da atualidade, como ferramenta para construir um
Nacional para sua transformação em lei. Ao mesmo tem- dia em que o sistema financeiro nacional promova o de-
po, a Casa parlamentar revigorou antigos projetos que senvolvimento equilibrado do país e atenda às necessida-
precarizam as relações de trabalho no Brasil. Em “A crise des da coletividade, como determina a nossa Constituição
e os trabalhadores”, o leitor poderá conferir como estes cidadã.Boa leitura!.
MAIO/JUNHO 2015 1