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COTIDIANO
“Tem até cozinha”
Teria falado um encantado Entre os pacientes, viúvas de Esmeralda Kiefer, filha do
Quintana ao conhecer um apart- militares, em especial, ao rece- casal paranaense e diretora do
-hotel para o qual se mudou aos berem alta, manifestavam o de- aconchegante lugar, com am-
80 anos. Ele, que disse certa sejo de se manterem por perto, bientes individuais decorados
vez “eu moro em mim mesmo”, “protegidas”. Enedina passou, com objetos e móveis dos pró-
acostumou-se ainda na infância, então , a oferecer-lhes hospeda- prios locadores, conhece profun-
de menino frágil, à solidão. Tal- gem em residências destinadas damente os limites que o tempo
vez por isso lhe tenha brotado a a simples locações. traz a todos e cobra urgência na
criatividade e a impulsão de viver qualificação do país para adaptar-
sempre, e no vocativo, “um pé Após outras fases, como a -se a esse contingente, cada vez
após o outro”. de uma clínica para idosos e o maior, da população.
Hospital Menino Deus, os Kie-
Afinal, a experiência de uma fer construíram dois prédios de Prevalece o sentido de clínica,
situação leva ao desenvolvimen- apartamentos com infraestrutu- necessária quando as debilida-
to de outras, como a do casal ra de saúde, o Residencial Geri- des próprias de doenças exigem,
Frederico e Enedina Kiefer, fun- átrico Menino Deus. Em 1995, ou asilo, palavra abominada em
dadores de uma casa de saúde já acompanhando a longevidade tempos do “politicamente corre-
em 1960, e posteriormente do da população, o local adotou um to”. Entretanto, no dia a dia, mi-
Hospital Dr. Frederico Kifer, vol- padrão superior com avançados lhares de pessoas, obrigadas ou
tado ao atendimento geriátrico. modelos de atendimento. não, seguem para esses locais.
Recepção e refeitório coletivo do residencial. A maioria dos apartamentos tem
quarto, sala, cozinha e área de serviço
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