Page 20 - Sinal Plural 13
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Quando chega o momento em Com 65 apartamentos individuais, o condomínio deixa
que a vulnerabilidade, a rabu- ao morador a escolha da decoração de seu ambiente
gice, as manias e outros fato- “com o que couber”: móveis, quadros, bibelôs, tapetes,
res nos alcançam, quando a cortinas, etc. Um dos locatários está há 20 anos no Re-
nossa liberdade ou do outro nos impede de sidencial. Em um dos apartamentos, com dois quartos,
estar bem, a família busca fugir da atitude de vive um casal, que utiliza um deles como escritório
nos “lançar ao asilo”.
Para fugir da realidade do “lugar para ido-
sos”, a mídia faz a apologia da velhice sau-
dável, diz Esmeralda Kiefer, diretora do resi-
dencial. Muitas famílias, por amor, ou outras
razões, preferem manter seus velhos em
casa, aos seus cuidados.
Essa escolha, o “ambiente mais seguro”,
como o de viver em companhia de filhos
ou de outros parentes, pode significar
exatamente o oposto, transformando-nos
num estorvo ou nos sentindo incomoda-
dos com a falta de espaço.
Morar completamente sozinho, mesmo
acompanhado à distância pela família, tam-
bém pode trazer riscos, como uma queda,
crises de demência ou outros efeitos da ida-
de avançada.
Sintomas que, por desconhecimento, são
negados com as conhecidas expressões
“papai (ou mamãe) está fazendo bobagem,
está esquecido (a)”. Vulnerabilidade que,
somada à falta de independência, produz
o indesejável desconforto a todos, e muito
mais, é claro, àquele que vive, naquele mo-
mento, as consequências do tempo.
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