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CULTURA

O Brasil tem Mário Quintana,
Porto Alegre tem a casa do poeta

Flavio Aniceto | PRODUTOR CULTURAL                          “Se as coisas são inatingíveis... ora!
                                                             Não é motivo para não querê-las...
Bem pertinho do prédio do Banco Central do Bra-            Que tristes os caminhos, se não fora
sil, na Rua Sete de Setembro 586, em Porto Alegre,
encontra-se um dos endereços mais importantes da              A presença distante das estrelas!”
cultura brasileira: o antigo Hotel Majestic, onde o po-
eta, jornalista e tradutor Mário Quintana morou entre                                                  (Mario Quintana)
1968 e 1980. É possível que muitos dos seus 20 li-
vros tenham sido escritos em hotéis, pois solteiro        “A poesia não se entrega a quem a define”, dizia o
e sem filhos, Quintana sempre morou em sua vida           poeta. É preciso experimentar a literatura e todas as
adulta nestes estabelecimentos.                           artes, vivê-las, dialogar com estas e a partir daí criar
                                                          outros signos e significantes. A Casa não se destina
No mesmo ano em que ele deixou o hotel um banco           somente à literatura, abriga outras artes, como o ci-
comprou o imóvel, que passou, em 1982, para o gover-      nema, a música, as artes visuais, a dança, o teatro, e
no do estado do Rio Grande do Sul, tornando-se patri-     a realização de oficinas.
mônio histórico. Em julho do mesmo ano, o edifício rece-
beu a denominação de Casa de Cultura Mario Quintana.

Em Belém, cinema mais antigo do país
resiste à modernidade

                                                          Fundado em 24 de abril de 1912, desde 2006 o Cine Olympia é um
                                                          espaço cultural administrado pela prefeitura. Com entrada gratuita,
                                                          exibe filmes do chamado circuito alternativo, como produções para-
                                                          enses, brasileiras e das mais diferentes nacionalidades, “que dificil-
                                                          mente iam ser exibidas em salas de cinema comerciais”, diz o críti-
                                                          co de cinema e programador do Olympia, Marco Antônio Moreira.

                                                          Após inúmeras reformas, o edifício ainda mantém alguns deta-
                                                          lhes arquitetônicos da sua estrutura original, como os traços de art
                                                          déco nas paredes internas e o acesso à sala de exibição, feito por
entradas abaixo da tela. A parte externa do cinema, no entanto, foi toda modificada, especialmente a fachada.
“Escuto muita gente dizer que o cinema não parece ser do início do século 20, que já foi todo modificado. Eu
acho que isso pouco afeta o significado dele. A arquitetura se foi, mas a importância dele não é arquitetônica,
é cultural”, destacou a cineasta Priscilla Brasil, em alusão ao centenário do Olympia.

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