Page 39 - Sinal Plural 13
P. 39
CULTURA
O Brasil tem Mário Quintana,
Porto Alegre tem a casa do poeta
Flavio Aniceto | PRODUTOR CULTURAL “Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Bem pertinho do prédio do Banco Central do Bra- Que tristes os caminhos, se não fora
sil, na Rua Sete de Setembro 586, em Porto Alegre,
encontra-se um dos endereços mais importantes da A presença distante das estrelas!”
cultura brasileira: o antigo Hotel Majestic, onde o po-
eta, jornalista e tradutor Mário Quintana morou entre (Mario Quintana)
1968 e 1980. É possível que muitos dos seus 20 li-
vros tenham sido escritos em hotéis, pois solteiro “A poesia não se entrega a quem a define”, dizia o
e sem filhos, Quintana sempre morou em sua vida poeta. É preciso experimentar a literatura e todas as
adulta nestes estabelecimentos. artes, vivê-las, dialogar com estas e a partir daí criar
outros signos e significantes. A Casa não se destina
No mesmo ano em que ele deixou o hotel um banco somente à literatura, abriga outras artes, como o ci-
comprou o imóvel, que passou, em 1982, para o gover- nema, a música, as artes visuais, a dança, o teatro, e
no do estado do Rio Grande do Sul, tornando-se patri- a realização de oficinas.
mônio histórico. Em julho do mesmo ano, o edifício rece-
beu a denominação de Casa de Cultura Mario Quintana.
Em Belém, cinema mais antigo do país
resiste à modernidade
Fundado em 24 de abril de 1912, desde 2006 o Cine Olympia é um
espaço cultural administrado pela prefeitura. Com entrada gratuita,
exibe filmes do chamado circuito alternativo, como produções para-
enses, brasileiras e das mais diferentes nacionalidades, “que dificil-
mente iam ser exibidas em salas de cinema comerciais”, diz o críti-
co de cinema e programador do Olympia, Marco Antônio Moreira.
Após inúmeras reformas, o edifício ainda mantém alguns deta-
lhes arquitetônicos da sua estrutura original, como os traços de art
déco nas paredes internas e o acesso à sala de exibição, feito por
entradas abaixo da tela. A parte externa do cinema, no entanto, foi toda modificada, especialmente a fachada.
“Escuto muita gente dizer que o cinema não parece ser do início do século 20, que já foi todo modificado. Eu
acho que isso pouco afeta o significado dele. A arquitetura se foi, mas a importância dele não é arquitetônica,
é cultural”, destacou a cineasta Priscilla Brasil, em alusão ao centenário do Olympia.
39