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alinhados a esse objetivo; de outro ram criados pelo atual governo com o butário será reduzido, contribuindo para
lado, o restabelecimento de marcos objetivo de acomodar militantes.
regulatórios apropriados e da segurança estimular ainda mais o crescimento.
jurídica necessária para que o investi- É preciso atribuir racionalidade ao
dor, brasileiro ou estrangeiro, tome suas sistema tributário e principalmente ao n Em discurso de lan-
decisões com tranqüilidade. gasto público. Nesse sentido, é neces-
sário extinguir muitas contribuições e çamento de sua campanha
Em relação ao setor público, é impostos e criar um sistema tributário à reeleição, o presidente
indispensável redirecionar os gastos simples para desburocratizar, reduzir Lula foi enfático ao dizer
públicos para privilegiar os investimen- custos e facilitar a vida das empresas. que “acabou o tempo em
tos e reduzir o peso dos impostos. Na outra ponta, é preciso cortar gastos que um leve resfriado nos
Faremos uma política fiscal rigorosa irrelevantes, reduzir o peso da máquina mercados globalizados sig-
que aumente a eficiência dos gastos e pública inútil, definir prioridades na nificava uma grave pneu-
reduza o desperdício. Uma sinalização alocação dos recursos, fazer render o monia no Brasil”. A econo-
importante dessa determinação será dinheiro da sociedade. À medida que o mia brasileira de fato está
extinguir ministérios e órgãos que fo- gasto for sendo racionalizado, o ônus tri- preparada para o impacto
de uma crise externa?
Fernando Ferrari Filho
Professor do Departamento de Economia da UFRGS
O desafio de crescer com inclusão
Omaior desafio do próximo governo é uma esta-
bilidade econômica que conjugue estabilização o Brasil tirou pouco proveito do cenário internacional.
de preços e crescimento econômico susten- O crescimento não é mais dinâmico porque não há um
ambiente institucional favorável ao investimento produtivo.
tável com inclusão social. A atual política econômica, Políticas monetária e fiscal contracionistas, aliadas à aprecia-
alicerçada em metas de inflação e superávit fiscal e ção cambial e a outros fatores estruturais, não sinalizam uma
flexibilidade cambial, não garante esses objetivos. elevação da relação Formação Bruta de Capital/PIB, ao redor
A média inflacionária anual de 1999 a 2006, caso o de 19,5% contra uma necessidade de, ao menos, 25%.
IPCA deste ano fique em 3,7%, deve ser da ordem de 7,6% O que deve acontecer a partir de 2007? A vitória de um
– estabilizada, mas ainda elevada. O PIB, em contrapartida, dos favoritos aponta para a manutenção dos alicerces da
nos últimos sete anos deverá ficar na média de 2,4% ao atual política econômica. As propostas de Heloisa Helena
ano – se também em 2006 crescer ao redor de 3,2% – e são as que indicam alguma mudança com a redução das
ainda assim sofrendo oscilações a la stop-and-go. taxas de juros, flexibilidade fiscal e controle de capitais.
A taxa de juros elevada e a taxa de câmbio apreciada são os O controle de capitais é imprescindível para resgatar a
instrumentos preferenciais da política inflacionária. Já o PIB tem autonomia de política econômica fiscal e, principalmente,
crescido devido à dinâmica do setor exportador. Nos últimos monetária e para reduzir o grau de fragilidade externa
anos houve um excesso de liquidez na economia mundial e da economia brasileira. O cenário pede ainda reformas:
parte dos recursos foi direcionado aos países emergentes, mas tributária, previdenciária, financeira.
setembro 2006 l ESPECIAL ELEIÇÕES 17