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a 2007, o Brasil, que chegou a ter Crescimento do emprego formal24,5
60% de sua população economica- mi-
mente ativa de 90 milhões vivendo 50
na informalidade, passou a incor- 37,6
porar um contingente de mais 13 40 mi-
milhões de brasileiros no mercado 39 mi-
formal do emprego, nos setores pú- 30 lhões
blico e privado, sendo que a maioria 20,1
dos novos trabalhadores com carteira 20 mi-
assinada ingressou no mercado a
“A OIT afirma que, nas crises, partir de 2004 – 8 a 9 milhões de 10
o nível de emprego anterior trabalhadores. “Esse dado revela que 1998 2007 2008 Maio/2009
só é restabelecido depois de o crescimento econômico estável
ainda é a melhor receita contra o Fonte: Dados do Dieese das cinco regiões metropolitanas
quatro ou cinco anos.” desemprego”, afirma José Silvestre pesquisadas: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte,
Prado de Oliveira, coordenador de Salvador, Porto Alegre, mais Distrito Federal.
WALTER BARELLI Relações Sindicais do Dieese. Embo-
Conselheiro do Ipea ra sinalize que 70% das ocupações Desemprego versus PEA
no Brasil sejam de até três salários
simistas de plantão. A crise financeira mínimos, uma vez que o mercado 15% 14,8%
internacional interrompeu a rota de nacional se caracteriza por grande 15,3%
crescimento do emprego formal que heterogeneidade, extrema flexibili- 10% 15,3%
já durava cinco anos, com destaque zação e ocupações de baixa quali-
para as demissões de mais de 4 mil dade, José Silvestre lembra que era 5%
trabalhadores da Embraer, 1.300 da possível, a partir desse crescimento,
Vale do Rio Doce – onde 5.500 entra- começar a se pensar até numa me- 0
ram em férias coletivas e outros teriam lhor qualificação da mão-de-obra por
contratos de trabalho suspensos –, e conta da estabilidade. Abril Abril Maio
as ameaças de desligamentos em 2008 2009 2009
massa da indústria automobilística. É certo que o Brasil virou um
imenso laboratório de geração de (*) PEA – População Economicamente Ativa
Ou seja, a crise expôs os trabalha- empregos na área de telemarketing Fonte: Dados do Dieese
dores mais fragilizados a novas angús- e celeiro de motoboys, profissão re-
tias e dividiu mais ainda os brasileiros cém-regulamentada, que reúne mais Geração de emprego
entre os que vivem nos bolsões de de 1 milhão de pessoas, mas, para
emprego, apesar de altamente rota- qualquer família, ficar sem o salário 2 2 mi-
tivo, os que têm trabalho garantido de R$ 650 de um dos seus integran- lhões e
– no caso, os servidores públicos – e tes é dramático. É isso que ocorre a 1 2 mi- Resultado:
os que procuram desesperadamente partir do fim de 2008, quando os lhões e 204 mil
uma ocupação ou estão apenas tem- níveis de emprego começam a cair, 0 empregos
porariamente empregados – muitas independentemente da qualidade. Maio Maio perdidos
vezes, sem carteira assinada. Nesse ano, nas cinco maiores regi- 2008 2009
Pelas contas do Departamento Fonte: Dados do Dieese
Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (Dieese), de 1998 ões metropolitanas, mais o Distrito
Federal, pesquisadas pelo Dieese,
16 milhões e 659 mil pessoas fo-
ram empregadas, mas 15 milhões
e 207 mil sofreram desligamentos.
“O saldo positivo no ano inteiro, que
costumava ser maior, foi de apenas 1
milhão e 452 mil empregos formais”,
avalia o especialista em economia
do Dieese.
Futuro incerto
O economista Walter Barelli, es-
pecialista em emprego e conselheiro
do Instituto de Pesquisa Econômica