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9,25%, do Imposto sobre Produtos princípio o corte de salários. A CUT Pacto Mundial pelo Emprego, que
Industrializados (IPI), da flexibilização foi contra e denunciou que diversos abre um amplo leque para a ação
do compulsório e da própria queda da setores tinham, inclusive, excedentes dos governos, dos sindicatos e demais
TJLP [Taxa de Juros de Longo Prazo] de capital, devendo usá-los para entidades”, afirma Barelli. O professor
do BNDES”, diz José Silvestre. Segundo proteger os empregos e, em conse- acredita, ainda, que os trabalhadores
ele, alguns sindicatos acreditam que o quência, o próprio mercado interno”, brasileiros devem adotar uma luta
pior da crise já passou. diz Artur Henrique, presidente da comum por melhor distribuição de
Central. Segundo ele, as bases mo- renda. “Como os empregos minguam,
Relator da Proposta de Emenda à bilizadas deram suporte para que a o concurso público virou uma forma
Constituição (PEC) de redução da jor- CUT pudesse apresentar propostas de obter renda e estabilidade razoá-
nada de trabalho de 44 para 40 horas claras, responsáveis e construtivas veis. As organizações do funcionalis-
semanais, o deputado e ex-sindicalista para o enfrentamento da crise. mo deveriam ter uma pauta cidadã,
Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho em que emprego e salário para todos
(PT-SP), afirma que só isso cria mais O economista Walter Barelli con- os trabalhadores fossem eixos de
de 2 milhões de novos empregos corda que as centrais agiram rápido, denúncia e de solidariedade.”
no Brasil, de acordo com estudo do pressionando o governo federal,
Dieese, com base na atual estrutura levantando a bandeira dos juros O professor Ricardo Antunes vai
produtiva e na produtividade do país. menores e conseguindo mais meses além, dizendo que o atual sindicato
O texto foi aprovado pela comissão de salário-desemprego para alguns de massas não tem meios de en-
especial da Câmara dos Deputados, atingidos. Contudo, diz o economista, frentar os dilemas do trabalho. “O
com o plenário lotado por dirigentes “grandes sindicatos ligados às centrais novo sindicalismo terá de reconhe-
e ativistas sindicais. Agora, a proposta aceitaram a redução salarial, se bem cer a nova morfologia do trabalho e
vai ao plenário para votação em dois que seguindo desejo da maioria das da classe trabalhadora.” Ele dá um
turnos. assembleias, o que considero uma exemplo: no Brasil, o telemarketing
derrota, pois as lideranças histori- emprega 1 milhão de pessoas, das
O parlamentar acredita que tam- camente resistiram a isso”, assinala quais 70% são mulheres, mas as
bém é necessário introduzir alguns Barelli, acrescentando que, hoje, não direções das entidades que as repre-
mecanismos de cidadania na hora se percebe mais grande movimenta- sentam continuam sendo essencial-
das demissões, para evitar fatos como ção sindical: “Parece que a crise não mente masculinas. Apesar de achar
o ocorrido na Embraer. “Nós vamos é mais parte da agenda.” que a ferramenta “sindicato” está
entrar com um projeto para dificultar hoje enferrujada, Antunes adverte
a rotatividade. Temos de aproveitar a O ex-parlamentar está convicto que é a única existente e, portanto,
brecha para negociar com o governo de que o movimento sindical brasi- os trabalhadores têm de encontrar
federal, hoje muito mais amigo dos leiro não tem conseguido avançar maneiras de ultrapassar as barreiras
trabalhadores”, adianta Vicentinho. em mudanças, a partir da crise. “É do entendimento entre funcionários
preciso, por exemplo, criar um rito das estatais e empregados terceiriza-
Já a Central Única dos Traba- para tratar das dispensas coletivas. dos. “Os sindicatos não estão bem,
lhadores (CUT) considera que agiu Ele existe tacitamente em áreas mas estaremos todos bem pior sem
rapidamente para debelar o que sensíveis, como no ABC. Em outras, eles. É preciso compreender, no en-
chama de “ímpeto demissionário do os patrões demitem primeiro, para tanto, que essas entidades também
empresariado”. “No início, a Fiesp depois negociar. A crise oferece uma são espaço de luta dos desempre-
[Federação das Indústrias do Estado pauta que os sindicatos não podem gados”, conclui.
de São Paulo] chegou a propor um esquecer: a OIT acaba de aprovar um
acordo nacional que tinha como
agosto 2009 11