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ga, a segunda colocada.
Quase 3 mil municípios brasileiros
não têm agência de bancos públicos –
o que pode tornar o recebimento de
benefícios como pensões e aposen-
tadorias do INSS uma epopeia. Nada
menos de 505 cidades, quase 10% do
total, não possuem agência bancária. É
como se houvesse um banco a cada
473 km2 – contra um a cada 19 km2,
em Portugal, e um a cada 110 km2,
nos Estados Unidos.
“O Ipea tem posição crítica ao
Banco Central com relação à taxa de
juros, dívida e câmbio, mas é preciso
ser pragmático: o BC é ‘ponto gov’. O
Ipea também é ‘ponto gov’”, defende
Matijastc.
“O avanço das propostas de re-
forma do sistema financeiro depende
da nossa capacidade de sensibilizar a
sociedade para o debate”, diz Carlos
Cordeiro, presidente da Contraf. O
projeto que começa agora a ser rede-
senhado em um debate interno da en-
tidade propõe a participação popular
no Conselho Monetário Nacional e a
criação de uma comissão parlamentar
permanente do sistema financeiro
na Câmara Federal. “Defendemos o
controle do sistema financeiro pela
sociedade.”
A Contraf defende, ainda, que
o crédito seja ampliado a um custo
reduzido. E que sirva de instrumento
não só do crescimento, mas também
do desenvolvimento do país. “Tanto
os empréstimos de bancos públicos
quanto privados têm de ser direciona-
dos para áreas que sejam multiplica-
doras de emprego, como a construção
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BCs: proteção ao consumidor
Muitos bancos centrais tentam se adaptar, aos poucos, a um mundo em que
consumidor se confunde cada vez mais com cidadania. Nos Estados Unidos,
o Senado discute uma proposta de mudança que obriga o Federal Reserve, o
banco central americano, a criar uma nova divisão de proteção ao cidadão. A
ideia é fazer com que os bancos interajam com clientes e com os mercados.
O projeto permitiria ao governo americano cindir grandes companhias financei-
ras com problemas. O plano trata de um dos temas politicamente mais espinhosos
da crise econômica: os poderes que deveriam ser concedidos ao governo para
evitar que tenha de recorrer a pacotes de resgate com recursos dos contribuintes.
A divisão seria comandada por um indicado da Casa Branca, com capacidade
para elaborar e supervisionar as leis e regida sob um orçamento separado, e
daria ao FED mandato mais direto para centrar-se em questões de proteção ao
consumidor.
Democratas e republicanos se dividem sobre o assunto. O presidente Barak
Obama prefere a criação de uma Agência de Proteção ao Consumidor Financeiro
para fazer o serviço, e não falta quem aponte que a ideia congelaria o acesso
ao crédito e criaria burocracia.
civil. A gente quer crédito carimbado”, A ideia surgiu da falta de crédito, que
enfatiza Cordeiro. no começo da década estava levando
parte dos moradores a abandonar
U Banco Palmas o lugar depois de 30 anos, porque
A busca por um sistema financeiro não conseguia pagar as contas mais
básicas: esgoto, energia elétrica e
sustentável e inclusivo é o que embala IPTU. Oitenta por cento da população
os bancos comunitários e as moedas economicamente ativa estava de-
sociais. O modelo alternativo à ca- sempregada e a economia local mal
rência de bancos oficiais e limitações conseguia absorver o restante.
do crédito acumula uma trajetória de
sucessos até nos Estados Unidos e na Para enfrentar esse problema e
Europa (leia quadro). gerar empregos locais, a associação
de moradores criou o banco, em 1998,
Um exemplo brasileiro é o Banco com apenas R$ 2 mil, contraídos em
Palmas, que atende ao Conjunto forma de empréstimo. A finalidade era
Palmeira, uma comunidade com 30 implantar uma rede de solidariedade
mil habitantes, situada na região sul entre produtores e consumidores da
de Fortaleza, no Ceará, há dez anos.