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ENTREVISTA DEPUTADO MIRO TEIXEIRA
O Estado é
público, é do povo
Com a experiência de quem está Vamos começar falando da agenda do Congresso
exercendo seu nono mandato para 2013. Qual a sua opinião em relação à
como deputado federal, Miro regulamentação da lei de greve e da negociação
Teixeira, do PDT de Brizola, coletiva para o funcionalismo público? O Sinal
construiu uma carreira política acompanha com interesse essa questão, mas em 2012
ligada às boas causas, sempre pouco se avançou nesse sentido.
com muita independência, seja Vivemos num regime de presidencialismo imperial. Não
em relação à bancada do seu somos um sistema presidencialista com independência e
partido, seja à base de apoio, no harmonia dos poderes. O poder Legislativo, por exemplo, se
Congresso, aos governos Lula e coloca quase que numa servidão voluntária diante do Exe-
Dilma. Bom de briga, polêmico, cutivo, usando o título do La Boétie (livro do filósofo francês
ele é conhecido por suas posições Étienne de La Boétie). Há alguns detalhes que o próprio
fechadas em relação a algumas Legislativo inclui, mas, a rigor, o poder Executivo domina a
questões, como o monopólio do pauta do poder Legislativo. Por que isso? Porque o nosso pre-
petróleo, o papel do Estado como sidencialismo funciona com o orçamento autorizativo, com
indutor do desenvolvimento e a medida provisória. Temos um Parlamento que não impõe
profissionalização do servidor um orçamento aos poderes da República. O presidente da
público, com direito a planos República é que faz a lei valer no dia da publicação.
de carreiras e salários dignos.
Recentemente, defendeu o fim do Vivemos ainda um período no qual tentamos organizar
fator previdenciário, aprovado pelo corretamente esses poderes. Só que a questão das prerro-
Congresso Nacional. Em entrevista gativas dos poderes não importa muito à sociedade. É um
à Por Sinal, no seu escritório em tema árido e, além disso, dificilmente muda com o cotidiano
pleno Centro do Rio, Miro conversou das pessoas. Elas se impressionam muito mais com os juros
longamente com os representantes baixos, que permitem comprar um micro-ondas, uma máquina
do Sinal, manifestando suas de lavar ou uma geladeira nova. Ainda falta para entenderem
concordâncias e divergências. que o que elas têm de principal são a igualdade e a liberdade.
Mas, o que fazer, então? Como mudar essa situação
dentro do Congresso?
Durante muitos anos, fui oposição. Numa reunião do PDT
outro dia, brinquei: nós éramos felizes e não sabíamos. Por-
que, como parlamentares, tínhamos um padrão de luta muito
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