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SAÚDE I AMBIENTE

Gaúchos contra os transgênicos

Foi a partir do final da década de 1990 que as   royalties na comercialização da soja transgênica,
sementes de soja transgênica chegaram ao         a 15ª Vara Cível do Rio Grande do Sul determi-
Brasil clandestinamente, via Argentina. Como     nou a suspensão da cobrança, e a sentença foi
o plantio ilegal da soja no Rio Grande do Sul    estendida para todo o país. Em outro processo,
avançava cada vez mais, em 1999 agricultores     o Tribunal Regional Federal da 4ª Região conde-
da região de Tupanciretã foram para as ruas.     nou a Monsanto do Brasil a pagar indenização
Carros de fiscais do Ministério da Agricultura   de R$ 500 mil por danos morais causados aos
e da polícia foram bloqueados. Produtores        consumidores ao veicular, em 2004, propaganda
adotavam a tecnologia alegando que a soja        que relacionava o uso de semente de soja trans-
transgênica tinha menor custo de produção e      gênica e de herbicida à base de glifosato como
manejo mais fácil.                               benéficos à conservação do meio ambiente.

Somente com a Medida Provisória 223, em          Atualmente o Brasil é o segundo maior produtor
2004, o plantio do grão geneticamente modifi-    mundial de transgênicos – são mais de 25 mi-
cado foi autorizado para a safra 2004/2005. Em   lhões de hectares espalhados pelo país. Segundo
2005, com a legalização da soja GM, a Mon-       relatório de agosto da Céleres (Your Agribusiness
santo passou a cobrar royalties dos produtores.  Intelligence), o Mato Grosso produz 9,6 milhões
                                                 de hectares (incluindo soja, milho e algodão), o
Em 2009, a partir de ação coletiva de diversos   Paraná, 6,6 milhões de hectares e o Rio Grande
sindicatos rurais do Rio Grande do Sul contra    do Sul, 5,4 milhões de hectares.
a empresa, que exige 2% de pagamento de
                                                                           Sandra Alves - Naturalista

Recursos públicos financiaram Monsanto

Curiosamente, em 2000, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou o Fundo de In-
vestimento do Nordeste (Finor) constatou repasse de mais da metade dos R$ 468 milhões de recur-
sos do fundo para a fábrica que a Monsanto construía no Polo Petroquímico de Camaçari, na Bahia.
O elevado aporte de recursos, R$ 285 milhões, no projeto chamou a atenção do então vice-presiden-
te da CPI, o atual senador José Pimentel (PT-CE). “Queremos esclarecer os critérios que levaram
a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) a aprovar esse empreendimento
que terá investimento significativo, mas cria poucos empregos”, reclamava Pimentel, propositor da
comissão.

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