Page 35 - Sinal Plural 21
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PR ATA DA CASA
Em alguns minutos, Graça, dormir na porta do Banco, na Avenida Presidente
fluminense de Campos do Vargas, no Centro carioca, para “brecar” os colegas
Goytacazes, a carioca Di- logo cedo. Eunice utilizava a política do “convenci-
nalva e a goiana de Anápolis, Eunice, mos- mento”, Dinalva, com mais jogo de cintura, ia pelo
tram como um encontro de amigas de trabalho meio termo, e Graça, na cobrança efetiva do com-
– e de lutas – pode transformar-se em reuniões bate grevista: “Se é para trabalhar, é pra ter dig-
de colegas de várias gerações, entre esses, os que nidade”, como dizia aos filhos, nos momentos de
ingressaram, como elas, no Banco Central em 1977. acirramento da luta sindical.
Cercadas por colegas do grupo “ampliado”, organi- As três, em um período de truculência, ficavam na
zavam o dia 6 de fevereiro, às vésperas do Carnaval, porta do Meio Circulante (Mecir), na Avenida Rio
para o lançamento do “Cajazeiras , o Bloco que não Branco, também no Centro do Rio de Janeiro, para
concentra e não sai”, no mesmo lugar, claro, de frente impedir a entrada do carro-forte. Certo dia, chegou a
ao mar do bairro mais famoso do Brasil. Na pauta, o ter confusão e agressão. Mas exigiram o respeito, aos
design da camiseta, o preço da produção e da banda gritos: “Somos funcionários. Arma, não!”, gritavam.
a animar a festa. A imagem caricatural da clássi-
ca foto não deixou de fora o champagne, ou o pró- Eunice diz que a instituição é que é importante.
-seco, marca dos encontros desde seus primórdios. “Lutamos, criamos associação, sindicato, por ela
- Bacen - e por salários dignos”, afirma, cobran-
Em outros tempos, as “nossas” cajazeiras, cada uma do, ironicamente, a “inconsciência” de colegas que
com seu estilo, tinham a missão de convencer o pes- “nunca obedeciam horário, mas no dia da greve che-
soal a não entrar para trabalhar. Não se furtaram a gavam na hora certinha e nem saíam para almoçar!”.
Dinalva, Graça e Eunice
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