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Dezesseis anos de vida pública não tiraram do
amazonense Jefferson Péres o principal capital de
um político: a ética. No Senado, ao qual chegou
em 1995 depois de dois mandatos na Câmara de
Vereadores de Manaus, Péres, de 72 anos, tem tri­
lhado uma carreira parlamentar infensa a mácu­
las. Foi o que quase sempre o manteve alinhado ao
PT. Um ano de governo e um escândalo depois, o
do assessor Waldomiro Diniz, bastaram para que
mirasse sua metralhadora sempre incisiva para o
perigo da mexicanização do Brasil. "O escândalo e
a resistência do partido à instalação de uma CPI
são atestados de óbito moral do PT."

ponsabilidade é a negação da ética. Para mim, só existe ruim para a vida pública, mas é difícil prever se afetará o
uma ética: a ética de princípios. projeto hegemônico do PT. É preciso não perder de vis­
ta que o PT, além da máquina governamental, exerce o
• Que conseqüências o caso pode ter? controle da sociedade organizada - o MST, a CUT, a UNE,
Se o PT é igual aos outros, é péssimo para o País todo. a CNBB. O PSDB controlava o poder, mas não a socie-
dade civil. Pior do que um PT sem compromisso ético
0 eleitor passa para o ceticismo, para a desesperança. Tanto seria um partido à semelhança do PRI, que dominou o
faz votar num ou noutro. Só quem ganha é o corrupto. México por 70 anos.
Tudo o que os corruptos querem é a comprovação de que
não existe político honesto. Sinto-me atingido. O eleitor • Essa não é uma visão muito pessimista?
deve achar que eu sou igual a tantos outros que tiveram o No México havia Judiciário, Legislativo e Executivo inde-
mandato cassado por corrupção.
pendentes, eleições periódicas, pluripartidarismo. Tínha o PRI,
• Casos assim podem ressuscitar aventureiros políticos? o PAN, o Partido Comunista. No fundo, porém, não passava de
Quando toda a classe política fica sob suspeita, é uma ditadura. Aliás, perfeita, como observou Octávio Paz.

�õooruDabril 2004 33