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Revista do
Histórias de uma vida
Uma mulher inteligente, criativa e corajosa que, ainda jovem, se preparou para o mo-
mento da aposentadoria. Sua vida é sinônimo de atividade. O nome dela? Ana Car-
valhal, a nova diretora Sócio-Cultural da ASBAC-RIO.
“Jamais pensei em ser universitários, montei o Curso Em 1975, fiz alguns concur-
funcionária pública. Tema, na Rua Uruguai, na Tiju- sos públicos, tive sorte e passei
Morava aqui no Rio, ca. Às vésperas da inauguração para o Itamaraty, para a Caixa
trabalhava no Correio da Manhã, do nosso curso, um dos sócios, Econômica e para o Banco Cen-
como jornalista, e estudava Le- Jayme Larry Benchimol, foi pre- tral. Escolhi, depois de muitas
tras na UFRJ. De repente, vários so, suspeito de ter participado idas e vindas, o BC, felizmente”.
fatos imprevistos mudaram os do seqüestro do embaixador
rumos de minha vida. Estávamos americano. O curso passou a Casa
no início de 1970, tempos ex- ser vigiado, dia e noite, e nos-
tremamente difíceis para quem sos alunos interrogados, até fe- “Saí em 2006, porque me
viveu aqueles dias, e o Correio, charmos as portas e desapare- achava, de certa forma, em
jornal famoso pela combativi- cermos do Rio por uns tempos. dívida com meu filho mais ve-
dade ao regime que se instalara lho, Luiz, que é autista. Mesmo
no País, foi invadido e tornou-se Casei-me, fui para Bra- decidida a continuar envolvida
rotina a luz vermelha da redação sília, e tentei trabalhar ainda com outras atividades, meu
acender-se anunciando a chega- uns tempos em jornal, ficando tempo poderia ser melhor or-
da da turma da censura, devida- quase um ano no Correio Bra- ganizado, tornando-se minha
mente escoltada. ziliense, enfrentando ainda casa também meu ponto cen-
dificuldades para fazer o jor- tral de trabalho.
Saí do jornal, como a maio- nalismo que idealizara quan-
ria dos profissionais daquela do optei pela profissão mas, Hoje em dia, eu - e todo
época, e larguei, por um perío- quando meu primeiro filho mundo - posso fazer pratica-
do o jornalismo. Já estava no nasceu ficou difícil conciliar mente tudo sem sair de casa, só
3° semestre de Letras quando, todos os problemas da vida de marcando reuniões, encontros
juntamente com outros amigos jornalista com a de mãe. ou viagens quando for realmen-
te imprescindível, embora não
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