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A necessidade de uma reforma do estado unifica o discurso dos candidatos ao
Palácio do Planalto. Todos defendem a valorização dos servidores públicos e
limitações aos cargos comissionados. Choque de gestão é quase que uma palavra
de ordem no receituário comum da reestruturação da administração federal.
Uma nova reforma previdenciária, porém, escapa praticamente incólume das
propostas de mudanças. Os entrevistados preferem apostar em um crescimento
mais robusto da economia para assegurar o papel social da Previdência.

n Na opinião do candidato,                maiores políticas de transferência de             A Previdência é
                                          renda à população mais pobre do país.       responsável por uma
a Previdência Social é defi-              E o aperfeiçoamento da gestão é funda-      das maiores políticas de
citária no Brasil? O candi-               mental para garantir o atendimento de       transferência de renda à
dato pretende encaminhar                  seus milhões de segurados. Além disso,      população mais pobre do
ao Congresso Nacional ou                  esperamos, num segundo mandato, o           país. E o aperfeiçoamento
apoiar uma nova reforma da                crescimento vigoroso da economia, que       da gestão é fundamental
previdência do setor públi-               resultará em forte aumento na arrecada-     para garantir o
co? Em que termos?                        ção previdenciária.                         atendimento de seus
                                                                                      milhões de segurados.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA: O go-          HELOÍSA HELENA: Não há sentido em
verno Lula está realizando uma grande     afirmar que uma política de caráter social  LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
reforma na gestão da Previdência Social.  – como é o caso da previdenciária – seja
Reduzimos gastos e criamos mecanis-       “deficitária”. O Estado tem obrigações
mos para evitar fraudes, desvios e paga-  constitucionais e deve procurar criar as
mentos indevidos. Estamos recuperando     condições para cumpri-las. No caso das
créditos e modernizando os sistemas de    despesas previdenciárias, os constituin-
arrecadação e fiscalização. O resultado   tes de 1988 criaram fontes de financia-
é que, no início deste ano, a previsão    mento para garantir esses compromis-
de déficit era de R$ 50 bilhões. Mas já   sos, em conjunto com as obrigações
trabalhamos com R$ 41 bilhões. Essa re-   estatais de saúde e assistência social.
forma é importante porque a Previdên-     Esse conjunto de receitas para responder
cia tem sofrido, ao longo dos anos, as    às despesas da Previdência, da saúde
conseqüências da falta de planejamento    e da assistência social não somente é
e desatenção com os seus cadastros e      hoje superavitário como também ajuda
controles de pagamentos. Dessa forma,     a financiar, em parte, o “rombo” que a
deixar a casa arrumada é uma tarefa       política monetária produz nas contas
que precede qualquer reforma legal. A     públicas – essa, sim, a verdadeira vilã
Previdência é responsável por uma das

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