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CRISE FINANCEIRA INTERNACIONAL
Em artigo na revista “Carta Capital”, grupos exportadores reagiram contra a o Tesouro perderia. Quando algum
o jornalista econômico Luís Nassif es- apreciação excessiva do real, o Banco evento externo provocasse desva-
creveu que a crise expôs as vulnerabili- Central estimulou as operações de lorização brusca do dólar, as perdas
dades do Banco Central para enfrentar “swap reverso” na BM&F. “Tratava-se seriam do setor privado, podendo levar
o turbilhão. “A crise brasileira (...) foi de uma operação que permitia a uma a uma crise sistêmica. Não deu outra.
fundamentalmente centrada no mer- das partes ganhar sempre que o real Quando a crise estourou, sabia-se
cado de crédito. Da noite para o dia, se apreciasse. Durante anos, permitiu- que alguns grandes grupos brasileiros
o crédito bancário foi suspenso, tanto se que investidores de todos os tipos tinham se entupido de derivativos,
nas linhas externas quanto internas”, – especialmente os grandes grupos nessas operações de ‘swap reverso’.
argumentava Nassif. “O desafio maior exportadores – auferissem lucros Mais ainda. Bancos de investimento
consistia em recompor rapidamente o extraordinários. Na ponta perdedora, estrangeiro também tinham espalhado
crédito e impedir o aprofundamento invariavelmente, ficava o BC. Apenas bombas tóxicas por outras empresas.
da crise. Em circunstâncias normais, as em 2007, o Tesouro perdeu US$ 10 Como eram operações internacionais,
factorings poderiam suprir o mercado bilhões com essas operações. No pri- não era possível o mapeamento do
de médias e pequenas empresas. Mas meiro semestre de 2008, não poucas valor total dos derivativos tóxicos. Sem
aí os erros do BC começaram a aflorar.” vezes, o BC foi alertado sobre os riscos saber quem eram as empresas balea-
do jogo. Enquanto o real se apreciasse, das, o mercado de crédito parou, tanto
Segundo Nassif, quando grandes
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