Page 18 - pdf_revista
P. 18
Luis Oreiro e Eliane Araújo. O saber respectivos mercados, nos estágios
Segundo eles, a crise econômica convencional sucessivos da crise, mas obedeceram
prevalecente entre a certos princípios básicos”, defendem
mundial chegou ao Brasil em função da os economistas Mesquita e Torós. “O primeiro foi
evaporação de crédito, induzida pelos brasileiros atribui evitar que a gestão da crise compro-
grandes prejuízos que as empresas essa queda da metesse o regime de política vigente
exportadoras brasileiras tiveram com as produção da indústria nos últimos dez anos, e que tem se
operações de derivativos cambiais. Esse aos efeitos da crise mostrado muito bem-sucedido, qual
choque de crédito causou a redução da econômica mundial seja, manter a política monetária
produção industrial em função não tan- sobre as exportações voltada para promover a convergên-
to da queda da demanda por produtos de produtos cia da inflação à trajetória de metas,
manufaturados, mas da incapacidade manufaturados.” e a flutuação cambial. O segundo,
das empresas de obterem crédito no minimizar a exposição do BC, e, por
volume e nas condições necessárias mas não conseguiu. A assessoria de conseguinte, do setor público, a re-
para manter o nível de produção. imprensa do Banco informou que o percussões financeiras de eventuais
tempo para conseguir resposta de um decisões equivocadas adotadas pelo
“A desconsideração do caráter dirigente era curto – embora tenha setor privado. O terceiro foi evitar
eminentemente financeiro (via crédito sido dado o prazo de pelo menos uma recompensar a assunção exagerada
bancário) da crise que se abateu so- semana. Contudo, em um artigo de 39 de riscos pelo setor privado, o que
bre a economia brasileira no final de páginas, na publicação “Considerações elevaria o risco moral no sistema.”
2008 pode ter levado o BC a fazer um Sobre a Atuação do Banco Central na
julgamento equivocado a respeito da Crise de 2008”, de março deste ano, Em outro trecho do documento,
necessidade de uma redução rápida com o título “Trabalhos para Discussão os autores citam algumas medidas
e forte da taxa de juros”, defenderam nº 202”, assinado por Mário Mesquita adotadas pelo Banco Central e pelo
José Luis Oreiro e Eliane Araújo. “Se o e Mario Torós, há uma ampla exposi- Conselho Monetário Nacional para a
BC tivesse feito uma redução forte da ção sobre as iniciativas do Banco. Os gestão de liquidez. “As iniciativas do
taxa de juros na reunião de outubro de autores esclarecem que o trabalho não BC contemplaram três áreas: recolhi-
2008 do Copom, então é possível que deve ser citado como representando mento compulsório, operações com o
os efeitos da crise internacional sobre as opiniões do BC e que as opiniões Fundo Garantidor de Crédito (FGC) e
a economia brasileira fossem significa- expressas são exclusivamente deles. redesconto.” E concluem: “Este con-
tivamente menores. Uma redução de junto de medidas, adotadas de forma
quatro pontos percentuais da Selic, em “As diferentes iniciativas do BC sequencial, teve êxito em remover a
outubro, poderia ter reduzido de forma no enfrentamento dos problemas constrição de liquidez e favoreceu a
bastante significativa a queda da produ- de liquidez, em reais e dólares, fo- retomada do crédito, inicialmente para
ção industrial nos dez meses seguintes. ram se ajustando às condições dos pessoas físicas e posteriormente jurídi-
Dessa forma, a política gradualista adota- cas. Para tanto, contribuiu, também, a
da pelo BC em janeiro de 2009 não só ação dos bancos públicos, que ganha-
foi iniciada ´muito tarde´, como também ram fatia de mercado durante a crise.”
não foi a resposta adequada à crise.”
A íntegra do conteúdo do docu-
U Estratégia exitosa mento pode ser encontrada no en-
A Por Sinal tentou ouvir a versão do dereço: http://www.bcb.gov.br/pec/
wps/port/wps202.pdf
Banco Central a respeito das críticas,
18