Page 32 - Por Sinal 40
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como buscar uma forma de represen- em São Paulo, os servidores do BC fi- sembocou na primeira grande greve,
tação dos funcionários, pois vínhamos zeram diversas atividades de protesto com duração de 15 dias. “Fazíamos
dos ambientes mais democráticos das em defesa dos demitidos, que nem vigília 24 horas na porta do Banco e
universidades”, explica. sequer podiam entrar no Banco. “Eles na sede do Sindicato, uma pequena
não permitiam”, diz ele, enfatizando sala alugada num edifício velho na
Tempos de resistência que lutaram até conseguir anular to- Rua Augusta”, recorda. “A diretoria do
Um pouco da história de criação do das as demissões. Sinal se revezava nos plantões e, não
Sinal, que passa pela publicação do raro, os colegas iam até lá, às vezes
jornal O Ovo e da constituição da As- O veterano servidor faz questão de madrugada, para levar lanches,
sociação dos Funcionários do Banco de registrar as discussões para a ou simplesmente fazer companhia.”
Central (AFBC), já foi bem contada al- criação do Sinal, em 1988. Recor- Quando o movimento ameaçou para-
gumas vezes na Por Sinal, mas nun- da, por exemplo, que os envolvidos lisar o mercado financeiro, o governo
ca é demais compartilhar lembranças queriam criar uma entidade diferen- editou uma medida provisória — a MP
que podem servir de exemplo para te da estrutura sindical tradicional, 50 — que, a pretexto de regulamen-
futuras gerações. Jorge Nelson conta composta por sindicatos, federações tar o direito de greve, incluía, entre
que, inicialmente, os 19 demitidos de e confederações. “Pensávamos em os serviços considerados essenciais
1988, por uma greve que paralisou a um sindicato mais amplo, com es- e inadiáveis, todas as atividades do
compensação de cheques no Brasil, trutura nacional, que representasse BC. “Foi claramente uma medida para
eram 20. “Eles resolveram poupar o nacionalmente os trabalhadores do intimidar e acabar com a nossa greve.
Paulo Eduardo (de Freitas, ex-presi- Banco. Entendíamos que essa era a Mas a categoria resistiu, a greve con-
dente do Sinal e então presidente da melhor forma de unir as forças dos tinuou e conseguimos sair vitoriosos”,
AFBC), acho que para ter com quem funcionários. Por isso, a ideia de uma diz, com orgulho.
negociar”, diz. Lembra também que, entidade estruturada de forma a ga-
rantir a representação democrática Atendimento à sociedade
Uma parte do BC vê de todas as regionais”, afirma. Em relação ao trabalho atual no Ban-
o atendimento ao co, Jorge Nelson faz questão de assi-
cidadão como uma Já no início, conta, os organizado- nalar o esforço dos colegas do aten-
função de menor res do Sindicato tinham a clareza de dimento ao público, que, além de
importância. É um que era preciso uma entidade que, sempre buscar atender o cidadão que
grande engano. além de representar os funcionários recorre ao BC, têm a árdua missão de
na defesa de seus interesses salariais defender sua atividade dentro do pró-
e de condições de trabalho, tivesse prio Banco. “Uma parte da instituição
influência na sociedade brasileira. vê o atendimento ao cidadão como
“Que agisse na defesa da cidadania e uma função de menor importância.
da democracia e, como escrevíamos É um grande engano. A prestação de
nos panfletos à época, de um Ban- serviços diretamente à sociedade é
co Central a serviço da sociedade”, tão importante quanto atuar no con-
complementa. trole da inflação ou na estabilidade do
sistema financeiro”, defende. Segun-
Jorge Nelson acrescenta que o do ele, por meio do atendimento ao
Sinal começou com grande força,
ao organizar a campanha salarial de
1989, entre abril e maio, que de-
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