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após ano. No primeiro ano do primei- Economistas ligados chegou a quase 40%. Decretos alteraram
ro governo Dilma Rousseff fechou com ao governo apostam a tributação do PIS/Cofins e IOF sobre
superávit de 3,1%. No último, em 2014, que há maiores as operações de crédito às pessoas físi-
foi de menos 0,6%. O déficit nominal possibilidade de cas, além do fim da desoneração do IPI
(primário mais financeiro) atingiu 6,7% fortalecer os cofres e da folha de pagamentos, que só no ano
do PIB. As pedaladas fiscais, segundo es- públicos com uma passado atingiram R$ 100 bilhões em
pecialistas em finanças públicas, mas- redistribuição da carga economia para o cofre das empresas sem
cararam os resultados, enquanto não tributária do que com que tivessem provocado os resultados
apareceram. Mas em julho o déficit no- a criação de novos esperados pelo governo no crescimento
minal bateu na marca de 8,0%. A dívida impostos. Por exemplo: da produção e do emprego.
bruta do governo deverá alcançar este taxando os lucros e
ano 65,5% do PIB. Somente com as ope- dividendos de sócios Junto com a proposta de Orçamento
rações do Banco Central para controlar e donos de empresas. da União de 2016, entregue no fim de
a liquidez da economia, os custos chega- A medida poderia agosto, ao presidente do Congresso
rão a mais de R$ 120 bilhões em 2015. A engordar a receita Nacional, senador Renan Calheiros, do
Selic, em 14,25% ao ano, contribui para com R$ 50 bilhões por PMDB, com a previsão de um déficit pri-
aumentar o rombo. As despesas com juros ano — mais do que mário equivalente a 0,5% do PIB, veio
acumuladas em 12 meses, de junho de suficiente para tampar também o reconhecimento oficial de
2014 a junho de 2015, se aproximavam de o rombo orçamentário um cenário desalentador. A economia
R$ 420 bilhões. Deve fechar o ano acima do ano que vem. brasileira deve crescer 0,2% em 2016,
dos R$ 490 bilhões. “Nada menos de 49% com inflação de 5,4% (no acumulado
do orçamento da União é para a rolagem do IPCA) e salário mínimo de R$ 865.
da dívida e o pagamento dos juros”, diz Para 2015, projeta-se uma retração do PIB
Paulo Kliass, doutor em Economia pela de 1,8%, com o índice IPCA em 9,25%
Universidade de Paris 10 e especialista em e o atual valor do mínimo em R$ 788.
Políticas Públicas e Gestão Governamental. A previsão foi anunciada pelo ministro
do Planejamento, Nélson Barbosa. Para
O governo demorou, mas reagiu. A tampar o rombo, o governo cassou a isen-
meta para o resultado primário foi revis- ção tributária de computadores, tablets e
ta para 0,15% do PIB, mas até isso pode smartphones, aumentará em 30% a tri-
dar errado. Para fechar as contas, propôs butação de bebidas alcoólicas e vai cobrar
um novo aperto no ajuste fiscal. Houve 1,5% de IOF sobre operações de crédito
contingenciamento de R$ 80 bilhões, do BNDES, principal banco de fomento
completado por um pacote adicional do país. Essas mudanças reforçariam o
de corte e um conjunto de medidas para caixa em R$ 11,2 bilhões. O Palácio do
expandir a arrecadação. A maior parte Planalto também propõe a venda de par-
da redução de despesas concentrou-se ticipações acionárias nas administrações
em investimentos. A queda na exe- direta e indireta, a alienação de imóveis
cução do Programa de Aceleração do da União e a ampliação do programa de
Crescimento, o PAC do governo federal, concessões, o que permitiria arrecadar
menina dos olhos da presidente Dilma, outros R$ 37,3 bilhões em 2016.
OUTUBRO 2015 7