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s O senhor mesmo observou que essa reorganiza-             lado, em relação ao salário de ingresso, vamos lutar jun-
ção gerou uma capacidade ociosa nas regionais, de-         tos para melhorar isso. De outro, há a questão da carreira
vido à centralização dos serviços. Quem está nas re-       dos funcionários, nos termos do que já conversamos até
gionais sabe que existe um capital intelectual             agora. Acho que o Banco Central tem de voltar a ser o
intocado, que não é utilizado em favor da instituição      que já foi, como vocês mencionaram. O Banco Central
ou mesmo da sociedade local. O senhor tem inten-           tem de voltar a ser um lugar prioritário, um lugar onde as
ção de revalorizar as regionais?                           pessoas querem trabalhar, onde as pessoas mais qualifi-
                                                           cadas que estão entrando no mercado de trabalho op-
    A resposta é sim, certamente. Minha idéia, não só      tem em primeiro lugar para trabalhar. O Banco Central
nesse, como em todos os aspectos, é a valorização do       tem de ser uma organização modelo, motivo de orgulho
funcionário e o uso pleno da capacidade intelectual do     do funcionário. Acredito muito nisso. Tanto que a organi-
corpo de funcionários. O que vocês me descrevem é          zação que eu dirigi durante muitos anos seguidos foi eleita
menos do que aceitável. Funcionários qualificados, ex-     como um dos melhores locais para se trabalhar no País.
perientes, sem estarem plenamente usados, isso é ruim      Acredito fundamentalmente na qualidade de vida, na
para a sociedade, para o Banco Central e também para o     qualidade do trabalho do funcionário, e vou trabalhar com
funcionário. Não há dúvida de que vamos fazer o possí-     todas as minhas possibilidades para conseguir isso.
vel para dar funções produtivas e importantes, úteis para
a região, para o Banco Central e para todo o sistema.      s Os aumentos da taxa de juros e do compulsório
                                                           nos dois primeiros meses do governo Lula geraram
s O Banco Central parece já não atrair mais os candi-      polêmica. Empresários, economistas e políticos de
datos a emprego no serviço público federal. O últi-        vários partidos têm registrado o impacto negativo
mo concurso para analista, por exemplo, exigia dos         dessas medidas, particularmente sobre o crédito, já
que concorriam à área de supervisão bancária co-           escasso, e também sobre a meta de crescimento eco-
nhecimentos em 14 diferentes disciplinas. O salário        nômico para este exercício. Alguns economistas ques-
oferecido, bastante inferior ao de outras carreiras do
serviço público federal com o mesmo nível de exi-          “O Banco Central tem de voltar a ser o que já
gência técnica, atraiu menos interessados, se com-         foi. Um lugar prioritário, um lugar onde as
pararmos a concursos passados. Pela primeira vez,          pessoas mais qualificadas que estão entrando
houve sobra de vagas em Brasília – eram 43 vagas e         no mercado de trabalho optem para trabalhar.”
só 29 pessoas conseguiram passar. Como o senhor
pretende reverter essa situação e tornar mais atraen-
te a carreira no BC, tendo em vista a evasão dos ser-
vidores, a dificuldade de recrutamento e a necessi-
dade urgente de reposição de 800 experientes cole-
gas, já aptos à aposentadoria?

    Não há dúvida de que o salário de entrada está baixo.
Não tenho informações precisas, mas estou me basean-
do em informações que venho recebendo de pessoas
que trabalham conosco, no sentido de que outros órgãos
na administração pública têm tido um reajuste mais agres-
sivo que o do Banco Central. Então não há dúvidas de
que esse é um assunto para nós trabalharmos. De um

                                                           abril 2002  11
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