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de janeiro e 4 de fevereiro. Entre o “Do ponto de vista do mais ao assumir em 1995 o governo do
primeiro e o segundo encontros, o se- pobre, fará enorme diferença Distrito Federal, instituiu um programa
nador dedicou-se a reverter a posição de renda mínima, o Bolsa Escola, para
do novo ministro do Desenvolvimento ele saber que todos têm as famílias mais pobres que tivessem
Social e Combate à Fome, Patrus Ana- o direito de receber uma crianças freqüentando a escola.
nias, que havia dito à jornalista Miriam importância em dinheiro.
Leitão ter como prioridade o programa Esse direito representa Depois de Cristovam, vários prefei-
Bolsa Família, e não a Renda Básica de a contribuição que cada tos, em sua maioria petistas, adotaram
Cidadania. geração deu à riqueza o Bolsa Escola em seus municípios. O
acumulada de nosso País.” Congresso, sensível à idéia, aprovou,
A declaração do ministro veio em em 10 de dezembro de 1997, a Lei
resposta ao questionamento de Mi- presidente do STF), que deram ori- 9.533, que autorizava o governo fe-
riam Leitão, no Bom Dia Brasil, sobre gem a um substitutivo apresentado deral a apoiar os municípios que ado-
a própria existência da Renda Básica. pelo próprio Suplicy. O novo texto tassem o programa, financiando 50%
A pergunta, que ela e boa parte da reduzia a alíquota de 50% para 30% dos gastos. O benefício pago a cada
imprensa têm feito, é: faz sentido um e previa a implementação gradual família era realmente uma esmola:
programa que assegure uma renda re- do programa no período de 1995 R$ 15 multiplicado pelo número de
gular a todos os cidadãos, inclusive aos a 2002. No primeiro ano, a Renda crianças até 14 anos menos metade
mais ricos, que não precisam disso? Mínima atenderia as pessoas de 60 da renda familiar per capita. Em 2001,
anos ou mais e, a cada ano seguinte, FHC criou nova lei para regular o Bolsa
“Eu mesmo me perguntei isso, ampliaria em 5 anos a faixa etária Escola; o benefício previsto, porém,
no início, quando me deparei com o de abrangência até que, em 2002, continuava modesto.
conceito de renda básica”, reconhece o programa chegaria no seu limite,
Suplicy. “Minha reação foi considerar incorporando também os adultos de FHC instituiu ainda o Bolsa Alimen-
que se deveria primeiro conferir esse 25 anos ou mais. tação e o Auxílio Gás. Lula, por sua vez,
direito aos que pouco ou nada têm, criou no início do governo o Cartão
como no formato do projeto de lei que Apesar da obstinação de Suplicy, Alimentação e, em outubro de 2003,
apresentei no Senado, em 1991, com esse projeto nunca saiu do papel. O lançou o Bolsa Família, com o objetivo
o objetivo de instituir o Programa de Senado o aprovou por unanimidade, de unificar todos os programas de trans-
Garantia de Renda Mínima no Brasil.” em dezembro de 1991 – inclusive com ferência de renda existentes.
Esse projeto previa que toda pessoa o apoio de FHC, então líder do PSDB
com renda inferior ao que seria hoje –, mas na Câmara a matéria jamais NOVO CONCEITO:
R$ 500 teria o direito de receber um foi submetida ao plenário. Enquanto BENEFÍCIO PARA TODOS
complemento equivalente a 50% da aguardava a aprovação da Renda Mí-
diferença entre R$ 500 e a sua própria nima na Câmara, o senador viu, com O problema dessas iniciativas,
renda. Uma pessoa que não tivesse bons olhos, o surgimento de algumas segundo Suplicy, são os pré-requisitos
rendimentos, por exemplo, receberia propostas nitidamente inspiradas que o governo faz para a concessão do
mensalmente uma renda mínima de no seu projeto. Cristovam Buarque, benefício. O Bolsa Família, por exem-
R$ 250. plo, exige que as famílias atestem que
suas crianças entre 0 e 6 anos foram
Preocupado com a viabilidade da vacinadas e que têm seu peso e grau
iniciativa, Suplicy acolheu, na época, de nutrição acompanhados com perio-
as sugestões do relator do projeto, o dicidade nos postos de saúde; no caso
então senador Maurício Corrêa (hoje de terem crianças entre 7 e 15 anos, os
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