Page 20 - PorSinal 10
P. 20

POLÍTICA ECONÔMICA  Sem mudança de rota
                    em 2004, crescimento
                    está comprometido

                    Oito meses depois de anunciado, o espetáculo do cres-            O que está em discussão não é
                    cimento ainda não passa de promessa. Embaçada pelo           apenas a necessidade de o país re-
                    desempenho da economia, serviu mais para jogar o             verter indicadores como o crescimento
                    presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra a parede – fora  negativo do PIB de 0,2% do ano passa-
                    e até dentro da base governista – do que para produzir       do. Seria preciso uma mudança de rota
                    indicadores que desfaçam a fila de desempregados e a         na política econômica para a retomada
                    recuperação da renda dos brasileiros. Os pacotes emer-       do crescimento. Que o desenvolvimen-
                    genciais de obras e investimentos anunciados não foram       to não seja como um vôo de galinha,
                    capazes até agora de desviar o foco principal do debate:     como o jargão da moda cunhado
                    qual é a saída para um desenvolvimento sustentado?           pelos economistas define as bolhas de
                                                                                 crescimento, mas sustentado. A receita
                                                                                 mistura redução dos juros, estabilidade
                                                                                 na política macroeconômica, ameni-
                                                                                 zação das exigências dos organismos
                                                                                 internacionais sobre o superávit primá-
                                                                                 rio, flexibilização do regime de metas
                                                                                 inflacionárias e investimentos.

                                                                                     A urgência de se adotarem políti-
                                                                                 cas monetária e fiscal que compatibi-
                                                                                 lizem estabilidade com crescimento e
                                                                                 inclusão social é o dilema do governo
                                                                                 e a agenda de economistas, sociólo-
                                                                                 gos, cientistas políticos e represen-
                                                                                 tantes da sociedade civil organizada.
                                                                                 “As políticas macroeconômica e fiscal
                                                                                 do governo Lula tendem a resultar
                                                                                 em estagnação econômica”, diz o
                                                                                 diretor do Instituto de Economia da
                                                                                 Universidade Federal do Rio de Ja-
                                                                                 neiro (UFRJ), João Sabóia. “O baixo
                                                                                 dinamismo da economia brasileira
                                                                                 reflete a hegemonia de uma política

                    20
   15   16   17   18   19   20   21   22   23   24   25