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POLÍTICA ECONÔMICA Sem mudança de rota
em 2004, crescimento
está comprometido
Oito meses depois de anunciado, o espetáculo do cres- O que está em discussão não é
cimento ainda não passa de promessa. Embaçada pelo apenas a necessidade de o país re-
desempenho da economia, serviu mais para jogar o verter indicadores como o crescimento
presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra a parede – fora negativo do PIB de 0,2% do ano passa-
e até dentro da base governista – do que para produzir do. Seria preciso uma mudança de rota
indicadores que desfaçam a fila de desempregados e a na política econômica para a retomada
recuperação da renda dos brasileiros. Os pacotes emer- do crescimento. Que o desenvolvimen-
genciais de obras e investimentos anunciados não foram to não seja como um vôo de galinha,
capazes até agora de desviar o foco principal do debate: como o jargão da moda cunhado
qual é a saída para um desenvolvimento sustentado? pelos economistas define as bolhas de
crescimento, mas sustentado. A receita
mistura redução dos juros, estabilidade
na política macroeconômica, ameni-
zação das exigências dos organismos
internacionais sobre o superávit primá-
rio, flexibilização do regime de metas
inflacionárias e investimentos.
A urgência de se adotarem políti-
cas monetária e fiscal que compatibi-
lizem estabilidade com crescimento e
inclusão social é o dilema do governo
e a agenda de economistas, sociólo-
gos, cientistas políticos e represen-
tantes da sociedade civil organizada.
“As políticas macroeconômica e fiscal
do governo Lula tendem a resultar
em estagnação econômica”, diz o
diretor do Instituto de Economia da
Universidade Federal do Rio de Ja-
neiro (UFRJ), João Sabóia. “O baixo
dinamismo da economia brasileira
reflete a hegemonia de uma política
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