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■ Quando se vê os velhinhos de através de remunerações e salários ser cumprido.
90 anos sendo obrigados a se re- melhores tem de vir acompanhado de Os governos não têm o tempo todo
cadastrar, quando se vê o serviço uma melhoria da qualidade no serviço
precário prestado pelo INSS por público. Porque nós sabemos – e es- ações coerentes. A correlação de forças
não ter uma estrutura melhor, esse tou falando como cidadão, não como políticas, a relação com a oposição,
convencimento não fica mais fácil? secretário de Recursos Humanos – que expressa no Congresso, o contexto
a qualidade do serviço público no Brasil do momento, às vezes, impõem ao
É, mas qual é a visão de um usuário deixa a desejar, em todos os níveis: governo ações contraditórias. Quando
sobre o eventual serviço de qualidade federal, estadual e municipal. o ministro assumiu, tinha uma visão um
pouco adequado – não estou dizendo pouco mais otimista das possibilidades
que isso ocorra – que ele tem lá na ■ Principalmente pela falta de orçamentárias dos quatro anos que se
ponta do INSS, por exemplo? É que o capacitação e de condições de seguiriam. Nós ainda estamos com uma
servidor não lhe trata bem. trabalho, que são dois problemas forte vulnerabilidade externa que condi-
sérios. ciona muito a política macroeconômica
■ Acredita que seja só isso? interna. Então, o governo, no que me diz
É isso e também a visão de um Às vezes, até de estrutura, sedes, respeito, a nossa área de recursos hu-
equipamentos, etc. Mas isso não pode manos do Ministério do Planejamento
governo que eventualmente não faz ser justificativa para que não façamos vai ter de ir construindo isso (a recupe-
investimento para que o servidor trate um movimento forte em direção à ração das perdas dos servidores). No
bem a população. O caso do recadas- melhoria da eficiência. O processo meu entender, só há uma resposta,
tramento é uma pena, porque a forma de negociação, voltando à questão que, claro, pode ser cobrada mais
como a coisa acabou aparecendo da Mesa, é um elemento importante adiante: em que medida nós vamos
pode correr o risco de comprometer porque nosso sistema está pensado conseguir essa recuperação ao longo
a idéia, mas duvido que exista alguém considerando, de um lado, o governo; de 2005 e 2006 e quiçá na possibili-
na sociedade que discorde do cadas- de outro, as entidades representativas dade de um segundo mandato. Acho
tramento, já que existem estatísticas do servidor. Mas existe uma terceira per- que essa discussão vai se manifestar na
evidentes de que há mais gente rece- na, que é a sociedade. Nós queremos possibilidade orçamentária que vai se
bendo benefício do que o próprio cen- as representações das organizações da estabelecer daqui para a frente.
so populacional. Isso é uma questão sociedade, seja na forma de conselho
de ética e deve ser feito do ponto de consultivo, seja na forma de entidades ■ E quais as demandas acumula-
vista da moralização do serviço público, que colaboram com a mesa, porque das em relação à reestruturação
respeitando as características dessa precisamos dessa terceira perna... de carreiras?
população idosa, com dificuldades de
se locomover. ■ Quando a Mesa de Negocia- São enormes. Essa talvez seja a
ção foi criada, o ministro Guido equação mais difícil.
■ O sr. acha que o serviço público Mantega disse que o servidor não
tem de mostrar eficiência para de- teria mais perdas salariais no novo ■ Houve um pedido do Ministério
pois reivindicar melhores salários? governo a partir do momento em do Planejamento, no ano passado,
que fosse aprovado o primeiro para que se quantificassem as
As coisas caminham um pouco jun- Orçamento. E, pelo que está se demandas de várias carreiras. Al-
tas, não que se precise colocar, necessa- vendo, o compromisso político gumas, aliás, já estão aguardando
riamente, uma na frente da outra. Agora, assumido pelo ministro não vai solução para este ano, não é?
que há um compromisso, há. É evidente
que um investimento no serviço público Posso citar algumas: a Advocacia
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