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blicos e empresários chegados a uma
diversificação dos negócios. Pizzaria
não lava só a honra de deputado, mas
também o dinheiro sujo do narcotrá-
fico. A PF informa: apenas oito ações
resultaram na recuperação de R$ 2,7
bilhões em fraudes contra a adminis-
tração pública.
O Departamento de Recuperação
de Ativos e Cooperação Jurídica In-
ternacional (DRCI), instituído no go-
verno Lula para impedir a lavagem de
dinheiro, já rastreou e bloqueou mais
de US$ 300 milhões, que serviriam
de financiamento ao crime organizado.
Mixaria. O volume de dinheiro brasileiro econômica ou financeira mercadorias,
mantido em paraísos fiscais seria quase
600 vezes maior: US$ 200 bilhões. No-
tícia ruim: dos R$ 300 milhões bloquea-
dos fora do país não se trouxe de volta
até agora nem um tostão furado.
Mas só quase dois anos depois
do encontro de Pirenópolis, o Banco
Central apresentou o cadastro único
de correntistas (leia quadro na pági-
na 11). A estrutura do Coaf continua
restrita a 37 pessoas – a maioria ain-
da ocupando os cargos por indicação
política, situação incompatível com a
natureza do trabalho em questão. Pior:
durante todo esse tempo, o Valerio-
duto operou com capacidade plena e
passou incólume por todos os meca-
nismos de controle.
O contra-ataque do governo
A bomba que estourou no colo do
governo atrasou o envio ao Congresso
da Nova Lei de Lavagem de Dinheiro.
O projeto amplia a lista de instituições Controladoria-Geral da União.
e profissionais obrigados a comunicar
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movimentações de valores ao Coaf.
Consultores, corretores de imóveis e
gerentes de banco que tiverem notícia
de grandes movimentações de dinhei-
ro de clientes e não comunicar às au-
toridades poderão ser processados por
crime de lavagem de dinheiro.
Também estariam na mira do pro-
jeto comerciantes de jóias e obras de
arte, empresas de transporte e guarda
de valores e até pessoas e empresas
que comercializem bens de grande
valor no meio rural, como cavalos e
gado. Estará sujeito à reclusão de três a estrutura do aparelho estatal voltado
a dez anos quem utilizar em atividade
dinheiro ou direitos “que sabe ou deve- com a vulnerabilidade do Estado”, alerta
ria saber” serem resultado de infração
penal. Nessa categoria, poderiam ser
punidos, por exemplo, políticos flagra-
dos no uso de dinheiro “não contabili-
zado”, o chamado caixa dois.
“O combate à corrupção e à lava-
gem de dinheiro evoluiu com veloci-
dade nos últimos cinco anos. Ainda
falta clarear um pouco as relações
institucionais dos órgãos envolvidos,
mas o caminho está traçado. Agora
é só uma questão de tempo”, diz o
chefe do Departamento de Combate
a Ilícitos Financeiros e Supervisão de
Câmbio e Capitais Internacionais (De-
cic), ligado à Direção de Fiscalização
(Difis) do Banco Central, Ricardo Liao. limpo. Uma coisa, porém, é certa. A
“A corrupção é uma doença brasileira
endêmica. A diferença é que, apesar
de todos os problemas e de continuar
aparecendo, pela primeira vez ela é
tratada como uma questão prioritária
do Estado”, endossa Jorge Hage, da
Não são posições incontestáveis. “O
carrossel da corrupção está girando e
não há sinais de que vá parar”, afirma
o deputado federal Sérgio Miranda, do
PDT de Minas Gerais. “Não basta uma
lei de lavagem de dinheiro. É preciso
também uma reforma administrativa
do Estado, que se estruture de fato o
Coaf, que se responsabilizem os bancos
pela falta de informações e que se tire
o Banco Central da inércia”, defende a
deputada federal Denise Frossard, do
PPS do Rio de Janeiro, que tem se de-
bruçado sobre o projeto do governo e
para o combate à corrupção. “Se eu fos-
se governante, não dormiria tranqüilo
o empresário Oded Grajew.
Para um país que carrega o fardo
histórico da corrupção, o mais grave
talvez não seja conviver com crises po-
líticas quase que previsíveis na agenda.
Do ponto de vista mais otimista, pode-
se argumentar que, de uma forma ou
de outra, casos como o Valerioduto ser-
vem para se tirar lições. Por essa versão
pode-se argumentar, por exemplo, que
foi assim que chegou ao fim a aventura
política do governo Collor.
A versão mais pessimista aponta
para a possibilidade de que nem toda
crise serve para se passar o Brasil a
atual crise está servindo para que a
sociedade, mais informada e mais
consciente, não só exija a punição dos
corruptos e dos corruptores, como
também se mobilize e retome, num
patamar mais elevado, o debate em
torno a um novo projeto de país.