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de Câmbio e Capitais Internacionais nhar, só com bola de cristal.” dossam a sensação de impunidade”,
(Decic) do BC, Ricardo Liao. “Antes, Parlamentares com postura ativa afirma o deputado federal Antônio
os esquemas de lavagem de dinhei- Carlos Biscaia, do PT do Rio de Janei-
ro utilizavam contas fantasmas ou de nas Comissões Parlamentares de In- ro. “O Banco Central é uma ferida no
‘laranjas’. Hoje, evoluíram para o uso quérito que tramitam no Congresso combate à lavagem de dinheiro e à
de testas-de-ferro, como as agências para apurar da corrupção nos Cor- corrupção”, critica a deputada federal
de publicidade de Marcos Valério. As reios ao mensalão são menos indul- Denise Frossard (PPS-RJ). “Só pensa
contas já não são fantasmas. Existem. gentes. “A tentação ao ilícito é cada na questão financeira do ponto de
São a DNA e a SMP&B, empresas vez maior porque as ações da Polícia vista virtuoso – a saúde do sistema –,
com contratos milionários, com mo- Federal, do Banco Central, do Minis- como se ela também não tivesse uma
vimentações milionárias. Para adivi- tério Público, da Justiça Eleitoral, da célula geneticamente doente.”
Receita Federal e até das CPIs só en-

De Collor a Lula tional Bank, Ife Rural Bank e Trade Link Bank.
Nos envios de dinheiro para a conta do publicitário
Não é de hoje que o Banco Rural diversifica o quan-
to pode. Descobriu-se na CPI do PC que a transferên- Duda Mendonça na offshore Dusseldorf, no paraíso
cia de dinheiro do caixa dois da campanha política que fiscal das Bahamas, aparece como remetente, além da
elegeu Fernando Collor de Mello para a Presidência da Trade Link, o Banco Rural Europa, uma nova offshore
República, em 1989, foi feita pela Trade Link Bank. A ligada ao Banco Rural. A Trade Link e o Banco Rural
empresa offshore foi criada por Sabino Corrêa Bran- Europa foram responsáveis por mais de US$ 1 milhão
dão, fundador do Banco Rural, já
morto. Até aparecer como a dos US$ 1,6
principal remetente de di- milhão re-
nheiro para a conta do metidos para
publicitário Duda Men- Duda Mendonça.
donça no paraíso fiscal Mais: o Banco Rural empres-
das Ilhas Cayman, a em- tou R$ 21,36 milhões ao empresário Marcos
presa também esteve no Valério de Souza com garantias insuficientes. Nada
centro das investigações da disso, todavia, chegou a provocar reação mais efeti-
CPI do Banestado. va do Banco Central. Ao perceber a ciranda financeira
promovida pelo publicitário com recursos da instituição,
Para o então tesoureiro Paulo o BC notificou o Ministério Público, mas se satisfez com
César Farias, a Trade Link teria remetido US$ 2,6 milhões as explicações de que a SMP&B era a agência que tinha
para a Suíça via Cayman. Entre 1996 e 1998, movimen- a conta de publicidade do Banco Rural e que a DNA era
tou quase US$ 700 milhões na agência do Banco do conhecida no mercado de Belo Horizonte.
Estado do Paraná em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Havia um argumento ainda mais definitivo: as ope-
Investigações da força-tarefa do Banestado nas contas rações não representavam risco sistêmico. “O Banco
da offshore Beacon Hill, no JP Morgan Chase, de Nova Central só protege o sistema financeiro”, diz o deputa-
Iorque, mostraram ainda que o próprio Banco Rural ope- do federal Sérgio Miranda (PDT-MG). “A sociedade e o
rava conta para créditos de suas offshores Rural Interna- Estado que se danem.”

novembro 2005 15