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BANCO CENTRAL O guardião da saúde
financeira dos bancos
PREOCUPADA COM Um país que engati- Central decidiu sair em socorro dos
O RISCO SISTÊMICO, nha na legislação de bancos Marka e FonteCindam às vés-
DIREÇÃO DO BC BAIXA combate aos crimes peras da desvalorização do real, em
de lavagem de di- janeiro de 1999. As duas instituições
A GUARDA E RELAXA nheiro merecia atua- tinham pesados compromissos em
NO CONTROLE DAS ção mais efetiva do guardião da moe- dólar no mercado futuro e enfren-
IRREGULARIDADES da. A opinião é unânime entre parla- tavam a ameaça de insolvência se o
PRATICADAS PELAS mentares e sindicalistas, ao avaliarem BC não decidisse beneficiá-las com
INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS a atuação do Banco Central. cotações mais baixas às vésperas da
A falta de um modelo eficaz de maxidesvalorização cambial.
fiscalização, que dê autonomia téc-
nica aos fiscalizadores, a valorização Sob a alegação de evitar uma “cri-
excessiva no monitoramento indireto se sistêmica”, torrou-se R$ 1,6 bilhão.
e o formalismo burocrático que em- Todos os diretores do Banco Central
perra a relação do Banco com outras envolvidos foram condenados em
instituições encarregadas de com- primeira instância pela Justiça do Rio
bater os ilícitos financeiros explicam de Janeiro, mas podem recorrer em
apenas parte do problema. liberdade – coisa que o banqueiro
A razão principal é que a institui- Salvatore Cacciola, dono do Marka e
ção responsável pela saúde do sis- também condenado, preferiu garantir
tema financeiro parece pouco afeita de vez ao fugir para a Itália, que não
a cuidar das doenças do setor. Não mantém acordo de reciprocidade de
é da sua filosofia cumprir o papel extradição com o Brasil.
constitucional que lhe é atribuído de
manter os olhos abertos à atuação A crise “sistêmica” do Banco Santos
dos agentes do sistema financeiro, A saúde do sistema financeiro
o que torna frágil qualquer ação de
controle a irregularidades que se re- também fez com que a direção do
petem com uma freqüência que sur- Banco Central demorasse a agir no
preende a sociedade. caso do Banco Santos. Ao decidir
Foi por excesso de zelo com o pela intervenção na instituição e na
risco sistêmico – a ameaça de que a Santos Corretora de Câmbio e Valo-
quebra de um banco provoque uma res, em novembro do ano passado, já
reação em cadeia por todo o sistema havia deixado se espalhar um rastro
financeiro – que a direção do Banco de estrago em que a conta maior fi-
cou para o cliente e beneficiários dos
fundos de pensão.
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