Page 27 - PorSinal 28
P. 27

crédito. Outros países também         dos consumidores apresenta fa-        “Nessa guerra particular, os
adotaram a cobrança diferenciada      lhas reiteradas e jamais corrigidas    comerciantes reconhecem
de preços: Suécia, México e Holan-    pelos fornecedores.                    que aumentam os preços
da. Eles argumentaram que, com                                                dos produtos para pagar
a medida, estavam protegendo o            Entre as principais falhas apon-
consumidor que não utiliza os car-    tadas, de dezembro de 2005               as chamadas “taxas de
tões como meio de pagamento.          a dezembro de 2008, estão: o          intercâmbio”. Dizem, ainda,
                                      desrespeito à oferta de isenção de    que até há pouco tempo as
Mercado brasileiro                    anuidade; embutir nos débitos a        bandeiras foram vitoriosas
    No Brasil, apenas aparentemen-    cobrança de seguros que não fo-
                                      ram contratados pelo consumidor;         na guerra judicial, pelo
te todos aceitam as taxas de admi-    pouca clareza nos critérios adota-    menos nos Estados Unidos.”
nistração e de intercâmbio cobradas   dos para o cálculo dos acréscimos
pelas redes de cartões de crédito e   decorrentes de atraso no paga-        e Estados Unidos. Mas, no Chile, a
débito. Diversas associações civis    mento ou resultantes da adoção        única empresa credenciadora dava
continuam lutando contra as práti-    do parcelamento rotativo.             como única opção aos estabele-
cas de juros abusivos e extorsivos.                                         cimentos comerciais a aceitação
Aliás, no ano passado, a indústria        Já as taxas cobradas aos co-      de todos os cartões apenas de
de cartões de crédito continuou no    merciantes seriam de 1% ao mês,       bandeiras presentes no país. Após
ranking das empresas mais recla-      tanto na rede Visa quanto na Mas-     a intervenção das autoridades, foi
madas no Procon. De acordo com        terCard, em 2002, de acordo com       permitida somente a regra na cha-
o Sistema Nacional de Informações     o relatório dos comerciantes. Há      mada “forma fraca”.
de Defesa do Consumidor (Sindec),     divergências, porém: o Procon-DF
do Ministério da Justiça, em 2008,    revela, por exemplo, que as taxas         Essa decisão foi tomada tam-
apenas o cartão de crédito respon-    de administração variam de 3% a       bém pelas autoridades da Austrália
deu por 11,1% (80,4 mil) do total de  4%. Nos EUA, a média é de 2,1%        e do México. No Reino Unido, a
724 mil demandas recebidas pelos      (Visa) e 2,5% (Amex). Outro
Procons de 23 estados e do Distrito   problema para os comerciantes
Federal, seguido da telefonia móvel   brasileiros é o prazo do repasse
(10,8%) e fixa (10,3%).               do dinheiro. Nos EUA, a média é
                                      de dois dias após a venda. Aqui, o
    No estudo do governo, ficou       comerciante leva 30 dias para ver
evidente, a partir da análise dos     a cor do dinheiro.
dados do Sindec, que as ques-
tões de cobrança e de contrato            Há também discussões caloro-
encabeçam os problemas. “Sua          sas envolvendo a prática do oligopó-
grande incidência, combinado com      lio. O estudo das autoridades brasi-
a ineficiência dos canais de aten-    leiras informa que a regra de honor
dimento aos consumidores, indica      all cards, na sua forma mais fraca
uma conduta lesiva e sistemática      (aquela em que o estabelecimento
das empresas”, diz o documento.       aceita o produto independente do
Seus autores revelam, ainda, que o    emissor), não tem sido questionada
processo de apuração dos débitos      nos países analisados: Austrália,
                                      Reino Unido, México, Holanda, Chile

                                                                            agosto 2009  27
   22   23   24   25   26   27   28   29   30   31   32