Page 34 - PorSinal 28
P. 34
“Estamos convencidos de que a ■ Qual é a sua opinião sobre a
democracia na relação de trabalho Mesa Nacional de Negociação
concorre para a qualidade dos Permanente e sobre a convenção
processos de trabalho. E sabemos que, 151 da Organização Nacional do
se não institucionalizada a negociação Trabalho e a negociação coletiva?
Ou melhor, quais serão os atores
coletiva, em outros momentos da desse processo?
História os governos não se obrigarão O tema da institucionali-
a negociar com os servidores.”
zação da negociação coletiva
integra a principal parte da nossa
estratégia. Talvez seja a mais
importante das nossas missões
aqui na Secretaria. Nós temos a
O governo nunca cogitou não cumprir acordos – e determinação de trabalhar para a institucionalização da ne-
acordo é para ser cumprido, não só pelo governo, mas gociação coletiva do setor privado. A Mesa de Negociação é
também pelos sindicatos. Na primeira crise que enfrenta- um instrumento extremamente importante. Já há exemplos
mos, envolvendo termos de compromissos firmados com na História brasileira de que o servidor público precisa, sim,
os sindicatos, tivemos o exemplo de como politicamente de ter direito à negociação, de ter consolidadas as conquistas
isso deve ser tratado. E foi exatamente em 2007, quando da Constituição de 1988, que são os direitos de greve e de
caiu a CPMF. Já tínhamos nove termos de compromissos organização sindical. Acabamos de conversar, respondendo
assinados com sindicatos e, de repente, o Congresso retira à pergunta de vocês, sobre a necessidade de um novo
R$ 40 bilhões do orçamento de 2008, o que não é pouco. olhar para o papel do Estado brasileiro, que é o do Estado
Todo o programa, todos os compromissos assumidos com provedor de serviços públicos de qualidade. É um Estado
a negociação tiveram de ser renegociados. A posição do democrático de direito, e, portanto, pressupõe relações de
governo foi a de chamar os sindicatos para a Mesa no- trabalho entre servidores e Estado também democráticas.
vamente e, dos nove acordos, oito foram renegociados. Estamos convencidos de que a democracia na relação de
Apenas um não foi: o acordo da advocacia pública. E aí trabalho concorre para a qualidade dos processos de traba-
eles entraram em greve, exigindo o cumprimento, mas lho. E sabemos que, se não institucionalizada a negociação
não tinha como. coletiva, em outros momentos da História, os governos não
Desta vez, durante todo o primeiro semestre de 2009, a se obrigarão a negociar com os servidores. Pergunto: quan-
imprensa, os sindicatos, os consultores levantaram, repetidas tos governadores e quantos prefeitos se obrigam a negociar
vezes, a possibilidade de o governo não cumprir os reajus- com seus servidores? Muito poucos. A Constituição Brasileira
tes previstos para agora, mês de julho. Se não me falha a completa 21 anos em 2009, e ela diz que o servidor público
memória, ainda no mês de abril, o ministro Paulo Bernardo tem direito a negociar, tem direito a fazer greve e tem direito
convocou todos os sindicatos para dizer que, efetivamente, o de se organizar em sindicatos. Nós defendemos que quem
governo tinha dificuldades – e continua a ter – com a queda pode o mais, pode o menos. Se uma categoria profissional
de arrecadação. Mas que, se os reajustes previstos para pode se organizar em sindicato, está dito que a greve é
julho de 2009 e todos os acordos feitos com os sindicatos um direito constitucional, inclusive para o servidor público.
estiverem inviabilizados, de alguma forma, pelo avanço da Como é que a gente pode pressupor que negociação não
crise, pela queda acintosa da arrecadação, isso será objeto pode? Então, achamos que negociação é constitucional.
de debate no Congresso. E a Mesa de Negociação Permanente aqui no governo
34