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e isso é um problema muito sério da Na situação financeiro, é muito mais fechada entre
economia argentina. atual, os poucas pessoas: o dono dos cassinos, o
■ Como a revista Por Sinal não é bancos têm muito dono da YPF (petroleira argentina que
foi privatizada e comprada pela Repsol
destinada apenas aos funcionários do dinheiro, mas não espanhola, durante o governo Menem).
Banco Central, falemos um pouco de emprestam. Porque É outro circuito. Mas na época de Me-
política. Qual é a história de sua agru- nem, talvez existisse mais esse assunto
pação, que propostas ela tem para o as taxas são tão altas com os bancos. E então Elisa Carrió
país? O nome é ARI – Coalizão Cívica, que ninguém está surge como alguém que questiona essa
um partido que surge nos anos 2000, prática, que faz uma investigação da
2001, com a crise. Sua líder é uma mu- tomando crédito. lavagem de dinheiro, não somente do
lher chamada Elisa Carrió, ela vem do A bancarização narcotráfico, mas também da corrupção
Partido Radical. Na Argentina, existem privada. E sempre a privada está ligada
dois grandes partidos: o Justicialista, na Argentina é com a governamental, o tango dança-se
que chamamos de Partido Peronista, e baixíssima.” a dois. Daí surge Elisa Carrió, primeiro
o Partido Radical. Carrió deixa o Partido como uma expressão claramente de
Radical, que nesse momento era gover- centro-esquerda. Mais tarde ela começa
no, na famosa crise de 2001, e funda a a perceber que o problema argentino é
Afirmação para uma República Igualitária – ARI, que mais muito mais de valores e de corrupção e não de esquerdas e di-
tarde se transforma no ARI – Coalizão Cívica, um partido de reitas. Porque os governos se dizem de direita ou de esquerda
centro-esquerda (pela ARI, Carrió concorreu à Presidência da e no fim agem igual. As práticas são iguais. Que é a utilização
República em 2003, ficando em quinto lugar. Em 2006 criou dos recursos do Estado em benefício próprio, para beneficiar
a Coalizão Cívica, segunda força nas eleições presidenciais bancos e empresas, grandes empresas locais naquilo que nós
de 2007). Ela participou de uma comissão que investigou chamamos de capitalismo de amigos. O modelo é sempre o
toda a corrupção financeira dos bancos nos anos 1990. Esse mesmo, embora o discurso seja diferente.
assunto dos bancos era mais da época do Menem. Nosso temor é que num momento em que os países emer-
gentes – como Brasil, Chile, Uruguai e tantos outros, como
■ Por quê? Havia muita corrupção, porque existiam muitas Argentina também – estão crescendo a taxas altas, com um
conexões Agora a corrupção não entra sequer no sistema contexto internacional favorável para nós, a Argentina dilapide
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