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Novo presidente do BC apresenta
                                                                                        Relatório de Inflação produzido
                                                                                        pelos chefes de departamento do
                                                                                        BC para reunião do Copom.

                                                                                             Na mesma linha, Margarida
                                                                                        Gutierrez, economista e professora do
                                                                                        Instituto Coppead de Administração da
                                                                                        Universidade Federal do Rio de Janeiro
                                                                                        (UFRJ), defende uma transparência maior
                                                                                        das informações. “O BC avisou que não
                                                                                        vai reduzir juros. Antes disso, quer fazer
                                                                                        a inflação convergir para a meta de 4,5%
                                                                                        e, para isso, vai ser mais duro. Quanto
                                                                                        mais transparente for essa comunicação,
                                                                                        melhor para a sociedade. Mas isso não
                                                                                        significa que a autoridade monetária está
                                                                                        nas mãos do mercado. Apenas trabalha
                                                                                        para reduzir as incertezas e a volatilida-
                                                                                        de”, pondera.

corte dos juros. Analistas econômicos     Selic: ajuste fiscal, convergência da infla-  RUÍDOS NA COMUNICAÇÃO
interpretavam que a probabilidade de      ção para a meta, estabilidade econômica,
o primeiro corte ocorrer na reunião se-   com o fim da inércia inflacionária.           Essa leitura do significado da nova co-
guinte, em agosto, é praticamente des-                                                  municação, porém, não é unânime entre
cartada. Para outubro, há dúvidas se já        O modelo de comunicação é o Forward      os economistas. Laura Carvalho, profes-
haverá condições e ninguém se espanta-    Guidance, adotado pelo Federal Reserve,       sora do departamento de Economia da
rá se, em novembro, na última reunião     o banco central norte-americano, lembra       Faculdade de Economia, Administração
do ano, a taxa permanecer nos atuais      João Luiz Mascolo, professor de economia      e Contabilidade da Universidade de São
14,25%. Para os agentes do mercado,       do MBA do Insper. A estratégia visa a co-     Paulo (FEA-USP), escreveu, em sua colu-
impressionou bem a linguagem direta       municar o futuro provável da política         na na Folha de S.Paulo, que a primeira ata
e explícita do comando do BC sobre os     monetária. A sociedade e os agentes usam      divulgada sob a gestão de Ilan Goldfajn
pré-requisitos necessários para cortar a  essa informação na tomada de decisões         no BC foi recebida pelos analistas de
                                          sobre os gastos e investimentos.              mercado como um diktat (imposição): ou
                                                                                        o governo dobra o Congresso e aprova as
                                                                                        medidas de reforma fiscal de médio e de
                                                                                        longo prazo, ou estaremos condenados
                                                                                        a continuar elevando a dívida pública
                                                                                        pela via dos juros altos. “A clareza da
                                                                                        última ata do Copom teria facilitado
                                                                                        a vida dos comentaristas econômicos
                                                                                        que, em 2011, declararam-se chocados
                                                                                        com o grau de politização das decisões

                                                                                        SETEMBRO 2016  17
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