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ram um fosso entre a atividade eco-     Após o desmonte, o BC passou a         abusos nas taxas cobradas pelos ban-
nômica do Estado e o poder públi-       ocupar apenas seis andares do prédio   cos, por exemplo, chegam aos mon-
co. Essa é a avaliação da economista    onde está instalado, em Salvador       tes aos balcões da Federação do
Maria Emília Fagundes, analista do                                             Comércio do Estado da Bahia. “A
BC em Salvador e professora de Eco-     mércio de bens e serviços da Bahia,    cobrança de taxas dos usuários do
nomia da Universidade Estadual de       e nós não vimos ninguém bater à        sistema bancário há alguns anos não
Feira de Santana: “Da década de 90      nossa porta para elogiar a saída do    existia e hoje é um suporte econô-
para cá, a indústria baiana vem pas-    Banco Central daqui. Na ocasião,       mico dos grandes bancos. Não raro,
sando por um processo de mudança        chegamos até a engrossar movimen-      batem às nossas portas dizendo que
qualitativa. Nesse processo, acho que   tos na tentativa de impedir essa eva-  está havendo abuso. Os valores não
seria importante um reforço na ativi-   são. Aguardamos o retorno da dele-     são uniformes, muito ao contrário,
dade pública do Estado na regulação     gacia, e espero que ela volte a pres-  variam bastante de um banco para
e supervisão e no incentivo para que    tar os serviços que sempre prestou,    outro. Em casos como esses, o BC
esse movimento possa ganhar cor-        já que sua ausência não trouxe qual-   teria um importante papel a desem-
po. Há dois aspectos na economia        quer benefício à população. O que      penhar. Ninguém está mais creden-
baiana que merecem destaque e que       se estabeleceu aqui depois de 1999     ciado para ser um vigilante dos in-
apontam para esse papel mais            foi um vazio”, ressaltou Carlos        teresses da comunidade contra es-
marcante do Estado. O primeiro é um     Fernando Amaral.                       sas distorções, esses abusos, do que
vetor de crescimento agroindustrial                                            o BC. O grande empresário, que tem
forte. Temos algumas cadeias que        CONVITE A                              capacidade de negociação maior,
estão se consolidando, como a de        FRAUDES E ABUSOS                       pode enfrentar isso sem tutela. Mas,
cítricos e a de produtos derivados da                                          e o pequeno e o médio? Ficam im-
atividade pesqueira, além da soja. É        Restrita a funções burocráticas e  potentes diante de certas realida-
um potencial enorme de geração de       sem poder de fiscalização, a regio-    des”, argumenta o presidente da en-
empregos e de exportação. O outro       nal do BC em Salvador não tem for-     tidade.
aspecto é a implantação do comple-      ças para ocupar o vazio deixado pela
xo automotivo da Ford. E é justamen-    reestruturação de 1999 – e esse            Através de seus tênues canais de
te nesse momento que o Banco Cen-       vazio pode estar sendo ocupado por     comunicação com o público, a pró-
tral reduz a sua presença aqui. É um    aproveitadores. As reclamações de      pria regional do BC em Salvador sabe
fator que limita o estímulo à ativida-                                         que aumentaram muito as denúnci-
de econômica local.”                                                           as de abusos e fraudes na Bahia. O
                                                                               gerente da Secretaria de Relações
    Para o presidente da Federação                                             Institucionais do BC em Salvador,
do Comércio, a evasão de serviços                                              Godofredo Massarra, diz que o nú-
básicos do BC em Salvador foi, além                                            mero de atendimentos ao público
de inoportuna, inexplicável. “Podem                                            saltou de 2.000 por mês, em mé-
argumentar que o problema foi de                                               dia, em 1998 (o último em que a
economia, mas é preciso ver que                                                regional operou completa), para
nem toda economia aparente é real.                                             5.000 no fim de 2002. “A demanda
A Federação do Comércio é uma cai-                                             aumentou muito porque passamos a
xa de ressonância, posto que é for-                                            atender a reclamações e denúncias
mada por todos os sindicatos de co-                                            de áreas que foram extintas, como a

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