Page 18 - PorSinal 7
P. 18
ram um fosso entre a atividade eco- Após o desmonte, o BC passou a abusos nas taxas cobradas pelos ban-
nômica do Estado e o poder públi- ocupar apenas seis andares do prédio cos, por exemplo, chegam aos mon-
co. Essa é a avaliação da economista onde está instalado, em Salvador tes aos balcões da Federação do
Maria Emília Fagundes, analista do Comércio do Estado da Bahia. “A
BC em Salvador e professora de Eco- mércio de bens e serviços da Bahia, cobrança de taxas dos usuários do
nomia da Universidade Estadual de e nós não vimos ninguém bater à sistema bancário há alguns anos não
Feira de Santana: “Da década de 90 nossa porta para elogiar a saída do existia e hoje é um suporte econô-
para cá, a indústria baiana vem pas- Banco Central daqui. Na ocasião, mico dos grandes bancos. Não raro,
sando por um processo de mudança chegamos até a engrossar movimen- batem às nossas portas dizendo que
qualitativa. Nesse processo, acho que tos na tentativa de impedir essa eva- está havendo abuso. Os valores não
seria importante um reforço na ativi- são. Aguardamos o retorno da dele- são uniformes, muito ao contrário,
dade pública do Estado na regulação gacia, e espero que ela volte a pres- variam bastante de um banco para
e supervisão e no incentivo para que tar os serviços que sempre prestou, outro. Em casos como esses, o BC
esse movimento possa ganhar cor- já que sua ausência não trouxe qual- teria um importante papel a desem-
po. Há dois aspectos na economia quer benefício à população. O que penhar. Ninguém está mais creden-
baiana que merecem destaque e que se estabeleceu aqui depois de 1999 ciado para ser um vigilante dos in-
apontam para esse papel mais foi um vazio”, ressaltou Carlos teresses da comunidade contra es-
marcante do Estado. O primeiro é um Fernando Amaral. sas distorções, esses abusos, do que
vetor de crescimento agroindustrial o BC. O grande empresário, que tem
forte. Temos algumas cadeias que CONVITE A capacidade de negociação maior,
estão se consolidando, como a de FRAUDES E ABUSOS pode enfrentar isso sem tutela. Mas,
cítricos e a de produtos derivados da e o pequeno e o médio? Ficam im-
atividade pesqueira, além da soja. É Restrita a funções burocráticas e potentes diante de certas realida-
um potencial enorme de geração de sem poder de fiscalização, a regio- des”, argumenta o presidente da en-
empregos e de exportação. O outro nal do BC em Salvador não tem for- tidade.
aspecto é a implantação do comple- ças para ocupar o vazio deixado pela
xo automotivo da Ford. E é justamen- reestruturação de 1999 – e esse Através de seus tênues canais de
te nesse momento que o Banco Cen- vazio pode estar sendo ocupado por comunicação com o público, a pró-
tral reduz a sua presença aqui. É um aproveitadores. As reclamações de pria regional do BC em Salvador sabe
fator que limita o estímulo à ativida- que aumentaram muito as denúnci-
de econômica local.” as de abusos e fraudes na Bahia. O
gerente da Secretaria de Relações
Para o presidente da Federação Institucionais do BC em Salvador,
do Comércio, a evasão de serviços Godofredo Massarra, diz que o nú-
básicos do BC em Salvador foi, além mero de atendimentos ao público
de inoportuna, inexplicável. “Podem saltou de 2.000 por mês, em mé-
argumentar que o problema foi de dia, em 1998 (o último em que a
economia, mas é preciso ver que regional operou completa), para
nem toda economia aparente é real. 5.000 no fim de 2002. “A demanda
A Federação do Comércio é uma cai- aumentou muito porque passamos a
xa de ressonância, posto que é for- atender a reclamações e denúncias
mada por todos os sindicatos de co- de áreas que foram extintas, como a
18