Page 19 - PorSinal 7
P. 19

de câmbio e a de fiscalização. A Bahia  cessão do crédito rural, sob pena de    Em conversa com a
é uma praça com forte presença tu-      se transformar um instrumento de        Por Sinal, os gerentes
rística, e há muitas denúncias na área  justiça social em regalia para          do BC em Salvador discutiram o
de câmbio que não temos como apu-       aproveitadores: “Quando nós estáva-     esvaziamento da Regional
rar a fundo. Além da falta de fiscali-  mos na região, já era um problema,
zação, também não temos consultoria     imagine agora sem a presença do BC.
jurídica, e por isso tentamos manter    O crédito rural é umas das priorida-
um vínculo estreito com o Poder Ju-     des do novo governo, mas dar crédi-
diciário para apoio. Não fazemos aqui   to rural apenas por dar, achando que
o atendimento ideal, fazemos o que      o senhor fulano lá vai aplicar, sem
é possível”, diz Massarra.              fiscalizar, é brincar com o dinheiro
                                        do povo.”
    A dedicação e o empenho dos
funcionários do BC em Salvador, ape-         Antonio Carlos Mendes Oliveira,
sar de louvável, não é suficiente para  gerente administrativo do BC em
cobrir lacunas deixadas pela fiscali-   Salvador, afirma que o desmonte de
zação. Para Télio Barroso de Sousa,     1999 reduziu a regional à condição
gerente regional do Meio Circulante,    de mera “ouvidora” de denúncias e
uma delas é o crédito rural: “Eu fui    reclamações. “Temos aqui hoje ape-
auditor do Banco Central e posso        nas a área de relações institucionais,
dizer que uma das áreas mais preju-     que faz atendimento ao público, a
dicadas com a mudança foi a do cré-     área de ilícitos cambiais (Decif) e o
dito rural. Tínhamos aqui uma equi-     meio circulante. Recebemos as de-
pe de sete pessoas para tratar disso,   núncias e não temos um fiscal que
e conseguimos alguns resultados ex-     possa ir ao banco comprová-las. Te-
pressivos. Havia muitas irregularida-   mos recebido muitas denúncias de
des, muito desvio de dinheiro. Lem-     transgressões a normativos do BC por
bro que na última inspeção que fize-
mos na região de Irecê, antes da
reestruturação de 1999, só de em-
presas fantasmas criadas para dar
suporte à recepção do dinheiro pe-
gamos 73. Muito dinheiro que seria
desviado voltou aos cofres da União
por conta de um serviço que não
existe mais no BC da Bahia. Por tudo
o que eu conheço dessa área, posso
imaginar que deve estar sendo uma
festa com o dinheiro público”, acre-
dita Télio.

    O gerente do Meio Circulante
defende rigor na fiscalização de con-

                                                                                abril 2002                      19
   14   15   16   17   18   19   20   21   22   23   24