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de câmbio e a de fiscalização. A Bahia cessão do crédito rural, sob pena de Em conversa com a
é uma praça com forte presença tu- se transformar um instrumento de Por Sinal, os gerentes
rística, e há muitas denúncias na área justiça social em regalia para do BC em Salvador discutiram o
de câmbio que não temos como apu- aproveitadores: “Quando nós estáva- esvaziamento da Regional
rar a fundo. Além da falta de fiscali- mos na região, já era um problema,
zação, também não temos consultoria imagine agora sem a presença do BC.
jurídica, e por isso tentamos manter O crédito rural é umas das priorida-
um vínculo estreito com o Poder Ju- des do novo governo, mas dar crédi-
diciário para apoio. Não fazemos aqui to rural apenas por dar, achando que
o atendimento ideal, fazemos o que o senhor fulano lá vai aplicar, sem
é possível”, diz Massarra. fiscalizar, é brincar com o dinheiro
do povo.”
A dedicação e o empenho dos
funcionários do BC em Salvador, ape- Antonio Carlos Mendes Oliveira,
sar de louvável, não é suficiente para gerente administrativo do BC em
cobrir lacunas deixadas pela fiscali- Salvador, afirma que o desmonte de
zação. Para Télio Barroso de Sousa, 1999 reduziu a regional à condição
gerente regional do Meio Circulante, de mera “ouvidora” de denúncias e
uma delas é o crédito rural: “Eu fui reclamações. “Temos aqui hoje ape-
auditor do Banco Central e posso nas a área de relações institucionais,
dizer que uma das áreas mais preju- que faz atendimento ao público, a
dicadas com a mudança foi a do cré- área de ilícitos cambiais (Decif) e o
dito rural. Tínhamos aqui uma equi- meio circulante. Recebemos as de-
pe de sete pessoas para tratar disso, núncias e não temos um fiscal que
e conseguimos alguns resultados ex- possa ir ao banco comprová-las. Te-
pressivos. Havia muitas irregularida- mos recebido muitas denúncias de
des, muito desvio de dinheiro. Lem- transgressões a normativos do BC por
bro que na última inspeção que fize-
mos na região de Irecê, antes da
reestruturação de 1999, só de em-
presas fantasmas criadas para dar
suporte à recepção do dinheiro pe-
gamos 73. Muito dinheiro que seria
desviado voltou aos cofres da União
por conta de um serviço que não
existe mais no BC da Bahia. Por tudo
o que eu conheço dessa área, posso
imaginar que deve estar sendo uma
festa com o dinheiro público”, acre-
dita Télio.
O gerente do Meio Circulante
defende rigor na fiscalização de con-
abril 2002 19