Page 16 - Por Sinal 48
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ENTREVISTA ABRAHÃO PATRUNI JÚNIOR
De olho nos
corruptos
Perito renomado na detecção de fraudes no sistema financeiro, Abrahão
Patruni Júnior, ex-inspetor do Banco Central, aposentado, tem pouca
esperança no combate à corrupção no Brasil. “Falta harmonia na atuação
das instituições públicas como o Banco Central, a Receita Federal e a Polícia
Federal, mas sobra vontade das pessoas de quererem sempre mais”, diz. Não
são sentenças à toa. Patruni foi quem reuniu as provas que atestavam o desvio,
em 1984, de R$ 10 milhões do Banco do Estado do Pará pelo governador Jader
Barbalho, que até hoje conseguiu escapar do julgamento com as manobras dos
advogados e a lentidão da Justiça. Também participou da CPI dos Precatórios
e da CPI da Previdência, que levou para a cadeia a superfraudadora Jorgina
Maria de Freitas Fernandes, condenada em 1992 a 14 anos de prisão por ter
coordenado um esquema de desvio de verbas de aposentadoria do INSS
avaliado em R$ 2 bilhões.
Os avanços da tecnologia, o aprimoramento legal e até os discursos oficiais
de combate à corrupção esbarram na falta de autonomia dos auditores e na
redução dos quadros de fiscalizadores. “Algumas comissões parlamentares
de inquérito só servem para desviar o foco. A delação premiada, que seria um
avanço, depende de melhoria na fiscalização”, ressalta.
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