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Por outro lado, todo o debate de revisão das carreiras E nós contamos com as entidades sindicais nesse trabalho.
se vincula a essa política. Mais e mais carreiras com crité- E reconhecemos nas entidades sindicais, especialmente nas
rios de progressão e promoção vinculados a programas que representam os servidores federais, que, historicamen-
de capacitação. Há carreiras, por exemplo, que o servidor, te, têm feito a defesa do serviço público.
para evoluir, tem de fazer determinados cursos. E mais: os
órgãos se obrigam a oferecer esses cursos. Outra coisa é ■ Ao falar sobre as negociações na Mesa, o senhor disse
que toda essa política também se vincula a redes de escolas que, no caso do Banco Central, vocês negociaram com três
do governo. A Enap é a escola que lidera o processo, ela é a entidades que o representavam. Entre essas três, há alguma
orientadora do processo da rede de escolas do governo. com mais legitimidade, ou vocês estão negociando indiferen-
temente com as três?
■ Mas, além da capacitação, eu queria saber da valorização Na verdade, a negociação propriamente dita se deu com
do serviço público – do servidor público e do serviço público. as três entidades. É claro que quando digo que as entidades
Isso é um assunto importantíssimo. O próprio governo faz, faz, agora se legitimam no processo da negociação, falo que uma
faz e leva paulada da mídia o tempo todo. Por isso, acho que entidade vem para a Mesa, coloca as suas propostas, depois
a gente tinha de tentar uma coisa mais forte para valorizar e volta, vai para a Assembleia e discute na Assembleia... Esse
modificar um pouco a imagem do serviço público. Com reu- não é um processo isolado. Nós sabemos quem tem mais
niões dos sindicatos, das centrais e do próprio governo. Acho e quem tem menos legitimidade. Mas não nos cabe escalar
que devia ser uma pauta essencial para se trabalhar. servidor. Nós criamos critérios. As entidades nacionais é que
É verdade, acho que os servidores organizados são im- vêm para a Mesa e negociam, certo? Então, no caso, as três
portantes nesse tipo de trabalho, nesse processo de superar entidades se colocam de forma nacional, apesar de que uma
a cultura de que o serviço público não tem qualidade. Ao delas não vinha para a Mesa como sindicato. É o caso do
contrário, a gente está vendo exemplos importantes: a uni- Sindsep [Sindicato dos Servidores Públicos Federais], que tem
versidade brasileira tem qualidade, a Previdência já mostrou filiados no Banco Central. Mas quem vinha para a Mesa era
como órgãos federais podem atuar com qualidade. Várias a Confederação, a Condsef. Então, não era o sindicato pro-
outras instituições públicas federais têm dado exemplos priamente, mas um representante do sindicato na qualidade
de qualidade nos seus serviços. Pouco a pouco, vamos de dirigente da Confederação. E o outro, um sindicato dos
superando esse senso comum de que serviço público é técnicos, que também se coloca como entidade nacional.
sinônimo de baixa qualidade. É um esforço compartilhado.
■ Que é quase a central deles,
“Pouco a pouco, vamos superando não?
esse senso comum de que Isso. Porque a Condsef é, tal-
serviço público é sinônimo de vez, a maior entidade dos servi-
baixa qualidade. É um esforço dores federais e representa mais
de 300 mil servidores filiados
compartilhado. E nós contamos aos sindicatos na sua base.
com as entidades sindicais nesse ■ Como o senhor vê essa sua
trabalho.” experiência de passar de sin-
dicalista para representante
do governo, responsável pelas
negociações?
agosto 2009 43